Equipas de salvamento dos Estados Unidos e Canadá intensificaram os esforços nesta terça-feira para encontrar um pequeno submersível com cinco pessoas a bordo que desapareceu no Oceano Atlântico quando estavam numa missão para observar os destroços do transatlântico "Titanic".

A embarcação, operada pela empresa OceanGate Expeditions, iniciou a descida na manhã de domingo (18) e perdeu contato com a superfície menos de duas horas depois, de acordo com as autoridades.

Entre as pessoas a bordo do submarino está o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, 58 anos, fundador e CEO da empresa Action Aviation.

Harding escreveu no domingo no Instagram que estava orgulhoso de participar na expedição.

O empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e o seu filho Suleman também estavam no submarino, informou a família.

"O contato foi perdido com o submarino e as informações disponíveis são limitadas", afirmou a família num comunicado.

Também está na expedição o oceanógrafo francês Paul-Henry Nargeolet, especialista na história do "Titanic", de acordo com a publicação de Harding.

A Guarda Costeira americana explicou que as operações de busca são complexas.

"É um desafio realizar uma busca nesta área remota, mas estamos a mobilizar todos os recursos disponíveis para garantir que podemos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo", afirmou na segunda-feira o contra-almirante John Mauger à imprensa em Boston, de onde coordena a operação.

"Estamos a trabalhar intensamente para encontrá-los", acrescentou.

As buscas, na superfície ou debaixo d'água, envolvem uma região "de quase 1.450 quilómetros ao leste de Cape Cod, a uma profundidade de cerca de 4 mil metros".

Reservas de oxigénio para 70 horas

O tempo é um fator crítico. A embarcação tem reservas de oxigénio para o tempo máximo de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas. Mauger afirmou na segunda-feira à tarde acreditar que ainda restavam 70 horas ou mais.

As buscas aéreas, que não apresentaram resultados na segunda-feira, foram suspensas durante a noite. O navio "Polar Prince", do qual zarpou o submersível, e uma unidade da Guarda Nacional continuaram a rastrear a região durante a noite.

"O submarino foi lançado com sucesso", publicou no twitter no domingo a empresa Action Aviation, com sede em Dubai.

"A tripulação do submarino é composta por vários exploradores lendários, incluindo alguns que fizeram mais de 30 mergulhos no RMS Titanic desde os anos 1980", afirmou o próprio Harding no Instagram no sábado, ao anunciar a sua participação na missão.

O contra-almirante Mauger não divulgou informações sobre as pessoas que estavam a bordo "por respeito às famílias" e limitou-se a declarar que, segundo a empresa operadora, são quatro pessoas e um piloto.

A Action Aviation, contactada pela AFP, não fez comentários.

Dois aviões, um C-130 americano e um P8 canadiano equipado com um sonar capaz de detectar submarinos, foram mobilizados para as buscas, segundo a Guarda Costeira.

A OceanGate Expeditions explicou num comunicado que "explora e mobiliza todas as opções para conseguir resgatar a tripulação em total segurança".

No site, a empresa informa que utiliza um submarino batizado como "Titan" para as expedições a uma profundidade máxima de 4 mil metros.

"Poucas embarcações" a tanta profundidade

O Titanic zarpou do porto inglês de Southampton a 10 de abril de 1912 para a sua viagem inaugural rumo a Nova Iorque, mas afundou depois de colidir com um icebergue cinco dias depois.

Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1.500.

Os destroços do transatlântico foram descobertos em 1985 a 650 quilómetros da costa canadiana, a 4 mil metros de profundidade, em águas internacionais do Oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.

Sem ter estudado esta embarcação especificamente, Alistair Greig, professor de Engenharia Marinha na University College London, sugeriu duas possíveis teorias, com base em imagens do submersível publicadas pela imprensa.

Para Greig, se houve um problema elétrico ou de comunicações, a embarcação pode ter subido para a superfície e permanecido a flutuar, "à espera de ser encontrada".

"Outro cenário é um comprometimento do casco de pressão, uma fuga", explicou. "Então o prognóstico não é bom", acrescentou.

Embora o submarino ainda possa estar intacto durante o mergulho, "são poucas as embarcações" capazes de ir até a profundidade em que o Titan pode ter viajado.