Em 1988, o ex-presidente francês Jacques Chirac, então presidente da Câmara de Paris, disse que os moradores da capital poderiam banhar-se no rio que cruza a cidade "dentro de cinco anos".
Prometeu, então, que faria tudo para transformar o Sena "num rio limpo", mas nunca chegou a concretizar a promessa, nem a ir a banhos no Sena.
Agora, 19 anos depois, Paris vai inaugurar uma piscina de 100 metros de comprimento dentro do lago de La Villette, que cruza um movimentado parque do nordeste da capital (19.º arrondissement).
O Parque de La Villete é já um local muito procurado e utilizado pelos parisienses durante o verão, como pode ver nas fotos acima.
A partir de 17 de julho e até meados de setembro, um máximo de 300 pessoas poderão ir a banhos diariamente, sob a supervisão de uma equipe de socorristas.
"Uma experiência de banho natural, sem tratamento químico, ou biológico", promete a autarquia de Paris.
A água do lago vem do canal de Ourcq, explica Jean-François Martins, responsável pela área desportiva da autarquia, e há filtros que evitam a chegada de folhas, resíduos sólidos e peixes. O lago também contará com novos sensores para controlar diariamente a qualidade da água.
"O lago de La Villette é uma primeira etapa. A próxima será o lago Daumesnil, no parque de Vincennes [oeste de Paris], em 2019. E, depois, em 2024, se ganharmos a sede dos Jogos Olímpicos, poderemos ir a banhos no Sena", promete Martins.
Após 15 anos de esforços, a taxa de bactérias enterococcus e Escherichia coli (E. coli) no Sena diminuiu muito, assegura.
"Há mais de dois anos estamos abaixo dos limites estabelecidos pela agência regional de saúde", afirma, destacando o aumento do número de peixes que voltaram ao rio, assim como a melhoria da biodiversidade nas águas.
O responsável da autarquia promete, inclusive, que se poderá beber a água do rio e que as pessoas "não vão cheirar mal quando saírem", depois de se banharem.
Banhos ilegais
Desde um decreto de 1923, é proibido tomar banho no Sena, sob ameaça de uma multa de 11 euros, lembra a polícia de Paris.
A brigada fluvial obriga os infratores a saírem da água. No ano passado, porém, não pôde fazer nada quando dezenas de pessoas que se declaram "banhistas de rua" mergulharam nas águas em La Villette.
Esses banhos ilegais tornaram-se uma tradição para alguns, como Alex Voyer. "Há anos, eu e um grupo de 15 pessoas banhamo-nos no canal, no Sena e em todas as águas de Paris", conta.
Voyer é um dos ativistas parisienses a favor de ir-se a banhos em todas as águas da capital.
"As pessoas dizem-me: 'Você está louco, a água é suja, está cheia de bactérias!' Mas eu não tenho problemas de pele", garante o banhista parisiense.
Fonte: AFP
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