“Com o aumento do turismo, e com Lisboa a ser tão procurada por estrangeiros, é normal que os alemães queiram também encontrar outro tipo de visões sobre a cidade e sobretudo sobre a literatura e a ilustração que se estão a fazer em Portugal”, revela à agência Lusa Afonso Cruz que, em conjunto com a escritora Patrícia Portela, teve a ideia de criar este guia “diferente”, lançado em 2016.
“Eu e a Patrícia Portela tivemos a mesma ideia (…). Fizemos uma espécie de curadoria em que escolhemos as pessoas que haveriam de participar, o modelo em que o livro haveria de ser publicado, quem seria o designer, quem seriam os parceiros, etc.”, explica.
No total, são 20 escritores e 20 ilustradores, uma “escolha heterogénea” de profissionais que “têm alguma coisa a ver com Lisboa, todos eles com uma visão muito própria da cidade.”
“Alguns são mais intimistas, falam mais da memória, estão mais presos à sua realidade, há outros que partem da geografia e que criam uma história praticamente do zero, reinventado, de certa maneira, Lisboa”, descreve Afonso Cruz.
“É um guia um pouco diferente de todos os que encontramos por aí, porque tem a componente da ficção, ou seja, é como se fosse uma realidade aumentada. É Lisboa, vista por ficcionistas e ilustradores que acrescentam algumas histórias à Lisboa que conhecemos”, acrescenta.
Afonso Cruz e Valério Romão, que este ano fizeram parte da delegação de autores portugueses integrados no programa oficial da Feira do Livro de Leipzig, são dois dos autores do Guia e vão participar no lançamento da edição alemã.
A apresentação, marcada para o dia 27 de junho, em Frankfurt, decorre no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que este ano têm lugar no Estado-Federado de Hesse.
O lançamento inclui ainda a apresentação de uma seleção de serigrafias da Coleção “Ler e Ver Lisboa”, produzidas pelo CPS – Centro Português de Serigrafia.
Afonso Cruz não esconde o desejo de criar “outras versões deste guia” que podem passar por outras cidades, já que este é “um modelo muito interessante para dar uma nova visão de uma série de geografias diferentes”.
“Pode estar relacionado com os interesses das autarquias ou de alguma identidade local que tenha vontade de realizar o projeto, vamos sempre precisar desse tipo de ajuda. Até pode ser feito no estrangeiro. Há pouco falei disso numa feira internacional, e uma escritora espanhola achou muito interessante poder fazer o mesmo em Madrid, por exemplo”, refere Afonso Cruz.
Entre os 40 artistas que fazem parte do livro há nomes como Rui Zink, Alice Vieira, Gonçalo M. Tavares e Mário Zambujal.
“Há a história de um ‘28 chamado desejo’, podemos fazer uma viagem de ‘Circum-navegação na Praça do Chile’ ou perceber ‘o que se vê e ouve nas Escadinhas do Duque'. É ainda possível ‘passear por Benfica’ ou subir à ‘Pena’”, lê-se na página oficial da Câmara Municipal de Lisboa.
O “Guia Ler e Ver Lisboa” foi editado em 2016 pela Associação Prado e pela EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural.
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