Nestes países, a temperatura média de setembro esteve mais de 3ºC acima do normal, segundo dados dos respetivos serviços meteorológicos. Na Alemanha, a diferença chegou a 3,9 ºC.
Na Península Ibérica, as temperaturas também foram anormalmente altas para este período do ano e nesta sexta-feira ultrapassaram os 35 ºC em algumas cidades do sul da Espanha.
Esses dados somam-se aos do planeta como um todo, cuja tendência é ultrapassar o recorde anual de temperatura em 2023.
Depois do trimestre junho-julho-agosto mais quente já registado, o mundo sofre os efeitos das mudanças climáticas provocadas pelas atividades humanas, e agravadas, nos últimos meses, pelo retorno, no Pacífico, do fenómeno cíclico do El Niño, que costuma provocar um aumento das temperaturas globais.
Na América do Sul, o inverno austral foi especialmente quente. Em meados de agosto, houve ondas de calor em Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
A situação foi acompanhada de catástrofes naturais cada vez mais intensas. Todos os continentes sofreram com ondas de calor, secas, enchentes ou incêndios, às vezes em proporções dramáticas e com um preço alto em vidas humanas e em recursos económicos e ambientais.
Diante desta "mecânica implacável" do aquecimento, "ainda não percebemos a gravidade da natureza profundamente estrutural das mudanças climáticas", disse à AFP o cientista político e investigador belga François Gemenne, um dos autores do último relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Até que a neutralidade de carbono seja alcançada, os recordes de calor serão batidos "sistematicamente, semana após semana, mês após mês, ano após ano", alertou.
A próxima conferência climática da ONU, a COP28, que será realizada em Dubai dentro de dois meses, terá como tema central o abandono das energias fósseis para tentar atender às exigências do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação à era pré-industrial.
"As mudanças climáticas favorecem um prolongamento das ondas de calor até (...) a primavera e até o mês de setembro, inclusive no início de outubro", segundo projetam os especialistas do IPCC, explica a climatologista Christine Berne.
Essa configuração, resultado das emissões de gases de efeito estufa, causadas principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, foi combinada desta vez com um fenómeno meteorológico de ar quente do Saara.
Sendo assim, a França, por exemplo, vive o setembro mais quente de sua história, depois de um verão com temperaturas excecionalmente altas.
O mês, que começou com uma onda de calor tardia, ficará "entre 3,5º e 3,6º C" acima do normal, "com uma temperatura média de aproximadamente 21,5º C", disse Berna.
O aquecimento global causou um aumento da temperatura mais forte na Europa do que em nível global. Os especialistas estimam que o clima global já está 1,2º C mais quente do que antes da era industrial, um aumento que chega a 1,8º C na França.
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