Com curadoria da arquiteta Marta Sequeira, a exposição é inaugurada às 18:00, no Centro de Arquitetura/Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, tornando-se a primeira exposição parte integrante do Museu de Arte Contemporânea do CCB.
A Garagem Sul tem nesta exposição uma nave, onde serão realizadas conferências e debates, enquanto nas laterais surge o núcleo expositório com várias maquetes e fotografias de núcleos habitacionais de Lisboa.
No início da exposição surgem três écran, onde serão projetados pequenos excertos de imagens da RTP retratando as cheias de 1967, a chegada das cooperativas como solução habitacional e a crise no pós-25 abril de 1974.
Durante a apresentação à imprensa da exposição, Marta Sequeira lembrou que Portugal tem “apenas 2% de habitação pública” e que a crise que se vive atualmente “estendeu-se à classe média”, não sendo só “um problema de um indivíduo, mas de toda a sociedade coletivamente”.
A partir do caso concreto de Lisboa, a exposição pretende ser um “espaço de reflexão”, contribuindo com estratégias arquitetónicas de habitação, pública, de cooperativa ou associativa, ao longo dos últimos 50 anos, de acordo com Marta Sequeira,
A curadora lembrou o projeto da EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa), nos anos 80, que “promovia, na zona do Restelo, a construção baixa em altura e de alta densidade”, e o caso do Bairro da Boavista, onde os arquitetos deram margem para que a tipologia possa ser alterada.
“Um agregado familiar pode alterar-se ao longo do tempo e uma sala em desenho L pode vir a ser transformada em dois quartos com a construção, posteriormente, de uma parede. O arquiteto deixou espaço para o improviso”, disse.
Marta Sequeira lembrou também que o sucesso da exposição, de um tema que tem andado “nas bocas do mundo”, passará sobre “pensar o que se passa e que a grande questão não se prende somente com a execução, com o construir casas, mas a forma como se constrói a cidade com a arquitetura”.
“[A habitação] para ter qualidade é preciso ter arquitetura. Hoje em dia as pessoas têm mais consciência que não é só ter casa, tem de ter arquitetura, ou seja, espaço exterior pensado para elas”, frisou.
Marta Sequeira adiantou ainda que “as pessoas já perceberam que o Estado pode não resolver todo o problema habitacional, já que o problema é coletivo, mas pode ser também, em parte, resolvido por cada um”, através da criação de associações ou cooperativas.
De acordo com a curadora, a exposição demonstra também que “há várias soluções possíveis de habitação”, bem como “uma falta de manutenção evidente em quase todos os projetos” ao longo dos anos.
Estão igualmente expostas as intervenções a realizar em Marvila, através da SRU (Sociedade de Reabilitação Urbano) e do IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana), em Chelas, Telheiras e Alvalade.
No espaço podem também ser vistas maquetes, com base na forma da cidade, que tridimensionalmente traduzem informações relativas a indicadores do Instituto Nacional de Estatística (INE), como densidade populacional, agregados familiares, entre outros.
Há ainda uma parte da exposição na qual os arquitetos têm a palavra, mostrando, em três minutos exibidos em variadas televisões, estratégias para enfrentar o problema da habitação.
Com entrada é livre, a exposição ficará patente no CCB até 28 de abril de 2024.
Comentários