Imaginem que estão a bordo de um pequeno veleiro de 8 metros à deriva no mar, que pedem ajuda pela rádio a quem estiver mais perto e que o primeiro navio a surgir no horizonte é um enorme navio de madeira, praticamente saído do século XVIII. É a história que dois sortudos velejadores partilham agora com o mundo, depois do seu resgate há duas semanas.

O navio de madeira em causa era o Götheborg, uma réplica fiel de um veleiro da Companhia Sueca das Índias, que fez a sua primeira visita a Lisboa em setembro do ano passado. No dia 25 de abril, o navio sueco rumava à ilha de Jersey (no Canal da Mancha), quando recebeu um pedido de ajuda a todas as embarcações nas imediações de uma pequena embarcação à deriva, devido à perda do leme. Por se tratar do navio mais próximo, o Götheborg respondeu ao apelo.

O pequeno veleiro foi depois rebocado pelo seu congénere de madeira durante a noite, até um navio da guarda costeira francesa chegar e assegurar a sua chegada a bom porto. Foi o primeiro resgate protagonizado pelo Götheborg, construído em 2005, apesar da sua vetusta aparência.

Resgate de um pequeno veleiro
O Götheborg e o veleiro avariado ao largo da costa francesa créditos: David Moeneclaey

Alguns dias mais tarde, as tripulações dos dois navios trocaram fotografias e impressões da sua aventura. A reação dos dois velejadores a bordo do pequeno veleiro resume a estranheza da situação: "Foi um momento muito estranho, e chegámos a pensar se estávamos a sonhar. Onde estamos? Em que época estamos?", lê-se na carta de gratidão dirigida à tripulação do navio sueco, publicada na sua página oficial.

"A tripulação do Götheborg mostrou grande profissionalismo e gentileza em relação a nós", continua a carta. "Adaptaram a sua velocidade ao tamanho da nossa embarcação e às condições meteorológicas. Sentimo-nos acompanhados por marinheiros muito profissionais. De hora a hora, um oficial de serviço na ponte do Götheborg entrava em contacto connosco para assegurar-se que tudo corria bem", conta David Moeneclaey, o capitão da embarcação acidentada.

O Götheborg é uma homenagem técnica e histórica ao navio com o mesmo nome que veio a simbolizar o sentido empreendedor e pragmático dos suecos e que afundou em 1745 ao largo da Suécia. A sua descoberta debaixo de água, nos anos 80, inspirou um movimento para apoiar a construção de uma réplica, que pudesse representar o seu país de origem pelo mundo. Com este resgate, ganhou mais dois eternos admiradores.