"No que diz respeito ao turismo, nós estamos a ter uma imagem lá fora muitíssimo importante. Há uma curiosidade sobre Portugal – já o havia como destino turístico – e agora, para além de seguros, somos um destino altamente responsável do ponto de vista sanitário" na luta contra a pandemia de covid-19, afirmou o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, à Lusa.

Questionado se baseia essa opinião sobre a curiosidade no que a imprensa estrangeira tem escrito sobre a forma como o país tem decidido e levado a cabo as medidas para fazer face à covid-19, Francisco Calheiros anuiu, exemplificando que "nunca" deu "tantas entrevista como agora para jornais estrangeiros", como, nomeadamente, o Le Monde, o Der Spiegel ou o Financial Times.

E é, por isso, que diz que a CTP está de acordo com as medidas anunciadas pelo Governo no plano de transição de Portugal do estado de emergência para o estado de calamidade, considerando que se enquadram no "chamado risco controlado".

"Temos que dar passos sólidos e não podemos perder esta fama – correta – que temos, de estarmos a lidar muito bem" com a situação, disse, acrescentando que para uma retoma "isto é importantíssimo".

"Quando vier a retoma, não tenho dúvida nenhuma, de que vamos ser o destino preferencial, pelo que acabei de dizer. Acho que não podemos minimamente perder este capital que granjeámos neste sentido", afirmou.

No entanto, até lá, o presidente da CTP lembra que as empresas de turismo, "muitíssimo atacadas", estão "a viver um dia de cada vez", já que o setor tem tido "empresas fechadas por ordem do Governo, como a restauração, empresas fechadas porque não têm clientes, como os hotéis, até empresas que trabalham muito, para não ganharem nada, como as agências de viagens para repatriarem todos os portugueses que estavam lá fora".

"O que é que temos feito? Tentar sobreviver, sempre com foco a médio prazo", disse.

Neste âmbito, Francisco Calheiros lembra as "três notas" que a CTP fez chegar ao Governo esta semana, para quais pede "o maior cuidado": a primeira tem a ver com as medidas de apoio à retoma, que diz que do pacote de 6,2 mil milhões de euros anunciados "ainda não chegou um euro às empresas", a segunda tem a ver com o ‘lay-off’, exemplificando que a expectativa dos empresários era que os pedidos que entrassem em abril veriam os pagamentos nesse mês, mas que não é assim.

"Por exemplo, entretanto, foi esclarecido que só os pedidos que entraram na primeira semana de abril iam ser pagos. Houve muitos pedidos que entraram na primeira semana de abril, mas que como foram feitos pedidos de esclarecimentos e estes já entraram na segunda semana de abril, não vão entrar nos pagamentos da primeira semana de abril", explicou.

E a terceira nota tem a ver com questões "inacreditáveis", que começaram primeiramente nos restaurantes e que estão agora a ir para a hotelaria, que têm a ver com "as inspeções que a ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho" está a fazer às empresas".

"A maior parte do nosso tecido empresarial são pequenas empresas. Um pequeno restaurante que está fechado, e bem, por ordem do Governo, normalmente tem o escritório numa parte do seu restaurante, vai lá a ACT e pede para enviar 20 documentos por estar em 'lay-off'. Estes pedidos são inacreditáveis e a senhora ministra [do Trabalho] já disse que os autos levantados eram praticamente nada. Portanto, era altura de parar com isto, não faz qualquer sentido. Estas inspeções num momento em que as empresas estão paradas, fechadas, não fazem qualquer sentido. Estamos sempre a tempo de levantar estes autos se for caso disso. Nesta altura, deixe-se as empresas sobreviverem", concluiu Francisco Calheiros.