Aberta desde 2007, a Casa Vitorino Nemésio é um dos pontos de paragem obrigatória para os turistas que se recordam do programa televisivo “Se bem me lembro” ou que já leram o “Mau Tempo no Canal”.
Para Tibério Dinis, vereador da Câmara Municipal da Praia da Vitória, a memória do escritor é um dos atrativos turísticos da cidade e até quem chega à ilha Terceira sem saber que Vitorino Nemésio era açoriano acaba por procurar o museu, quando se apercebe que dá nome à escola secundária ou à estrada que liga as duas cidades da ilha.
“Nas ações promocionais do município da Praia da Vitória, quer na Bolsa de Turismo de Lisboa, quer na Feira do Livro de Lisboa, são muitas as pessoas que vêm ter connosco que conhecem a obra de Vitorino Nemésio e têm o desejo de visitar a Praia da Vitória”, salientou, em declarações à Lusa.
Os conhecedores da obra do escritor representam um segmento pequeno, mas uma grande parte dos portugueses conhece Vitorino Nemésio da televisão.
“Marcou muito uma geração, que atualmente estará entre os 45 e os 70 anos, e que se recorda do Vitorino Nemésio apresentador”, adiantou Tibério Dinis.
Há quem defenda que o local exato foi umas ruas mais abaixo, mas a autarquia acredita que foi no n.º 7 da Rua de São Paulo, que nasceu, a 19 de dezembro de 1901, o maior vulto da cidade.
É lá que se encontra, por exemplo, o berço e a cadeira de bebé utilizados por Vitorino Nemésio e uma coroa do Espírito Santo, que a mãe adquiriu como promessa, porque nasceu franzino e corria risco de não sobreviver.
No andar de baixo, a televisão passa excertos do programa “Se bem me lembro” e há mesmo quem se sente a vê-los.
Subindo as escadas, é possível encontrar a guitarra clássica de Vitorino Nemésio e a obra completa do escritor, incluindo a edição original do primeiro livro de poesia que escreveu, aos 15 anos, Canto Matinal.
A casa típica do Ramo Grande não conta apenas a vida e obra de Vitorino Nemésio, mas a história da cidade, na primeira metade do século XX, pelos olhos do escritor.
“Temos os enquadramentos históricos, que permitem aos nossos guias enquadrar Vitorino Nemésio no tempo, na Praia da Vitória da altura, que era uma vila piscatória”, explicou o vereador.
A casa mantém uma cozinha típica com forno de lenha e nas traseiras há uma carpintaria antiga, em memória do avô do escritor, que é várias vezes referido nos seus livros.
Além de 2.000 visitas anuais de turistas, o espaço recebe todos os anos cerca de mil alunos de escolas, creches e jardins de infância, que também procuram a Casa das Tias, onde o escritor cresceu com as tias, hoje transformada em biblioteca municipal.
“Muitos dos docentes das escolas secundárias quando estão a dar o ‘Mau Tempo no Canal’ procuram a casa para haver um contacto mais direto dos alunos com a obra e a vida de Vitorino Nemésio”, salientou Tibério Dinis.
Para dar a conhecer a locais e a visitantes o escritor praiense, a autarquia criou há dois anos o projeto “Nemésio por inteiro”, em que o ator terceirense Ricardo Martins interpreta Vitorino Nemésio, em sessões para crianças ou visitas guiadas para turistas.
“Não é uma réplica fiel, mas procuramos que desperte a curiosidade”, explicou o vereador, acrescentando que o 115.º aniversário do nascimento do escritor será assinalado com este projeto na Casa Vitorino Nemésio, segunda-feira, entre as 10:00 e as 16:00.
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