“A Cesária é o nosso maior ícone. Nós continuamos a não ter Cesária no devido lugar em Cabo Verde”, afirmou hoje o ministro Abraão Vicente, considerando como “inevitável” que, nos próximos anos, o Governo cabo-verdiano “financie a construção” de “raiz” do museu dedicado à cantora (1941-2011).
“É preciso termos um terreno novo, construirmos um projeto de preferência por um arquiteto de renome internacional, porque é o que se faz com as grandes figuras, para poder coletar da parte harmonia, da parte dos familiares, e da parte dos colecionadores privados, um espólio relevante para criarmos o Museu da Música com o nome da Cesária Évora”, afirmou ainda Abraão Vicente, à margem de uma conferência de imprensa, na Praia, sobre os resultados do Edital Resgate e Promoção da Música Tradicional Cabo-verdiana, concurso promovido pelo Ministério da Cultura.
Cesária Évora nasceu em 27 de agosto de 1941 e viveu no Mindelo, cidade onde também morreu, em 17 de dezembro de 2011, sendo considerada, com as suas mornas, a cantora de Cabo Verde com maior reconhecimento internacional.
O museu, sublinhou o ministro, permitirá “aos turistas, aos visitantes e aos próprios cabo-verdianos conhecer não só a parte de Cesária Évora, mas de toda a música cabo-verdiana, nomeadamente da morna”, classificada desde dezembro de 2019 como Património Imaterial Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Abraão Vicente garantiu que esse será o “próximo grande projeto cultural” para a cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, a ser concretizado “neste mandato ou nos próximos, com este Governo ou com outro”, tendo em conta que os atuais núcleos museológicos dedicados à ‘diva dos pés descalços’, instalados essencialmente em casas onde a artista viveu, não servem esse propósito.
“As casas onde viveu Cesária Évora não têm o desenho necessário para receber um museu da dimensão que a Cesária Évora merece”, afirmou, garantindo que o Instituto do Património Cultural está encarregado de “desenhar a nível conceptual” o futuro museu.
“Nos próximos tempos teremos de apresentar um projeto que seja ambicioso. Será um outro pilar para ligar as indústrias criativas para alavancar o parque museológico nacional, mas também para alavancar o legado de Cesária Évora”, apontou, garantindo que o próximo “principal projeto” daquele ministério “deve ser valorizar Cesária Évora”.
O objetivo é “entrar em acordo com os familiares quanto ao seu espólio e quanto à exploração da sua própria imagem ligada à divulgação internacional de Cabo Verde”, disse ainda Abraão Vicente.
A Associação Cesária Évora assegurou em novembro de 2021 que o espólio da artista está preservado, à espera da concretização do Museu Cesária Évora, na sua casa no Mindelo, prometido desde o falecimento da ‘diva dos pés descalços’, há quase 11 anos.
O interesse para instalar o museu na casa de Cesária Évora, onde a cantora viveu no Mindelo, entre o tempo dos concertos que realizava por todo o mundo, mantém-se.
Neste momento, o conteúdo relacionado com a cantora está ainda espalhado, no Mindelo, por três espaços em particular: no Núcleo Museológico, na exposição no Palácio do Povo, de Francisco Rocha, que tem mais de 20 anos de recolha de fotografias, certificados internacionais e outros objetos pessoais como os vestidos da cantora, bem como na casa onde viveu a artista.
O atual Núcleo Museológico foi criado em maio de 2015, precisamente no edifício construído dez anos antes para então ser a residência da artista Cesária Évora.
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