Imagem: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

De acordo com o anúncio publicado em Diário da República, a inscrição dos bordados da Glória do Ribatejo pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) destaca esta manifestação do património cultural imaterial “enquanto reflexo da […] comunidade”, bem como “os processos sociais e culturais nos quais teve origem e se desenvolveu” na contemporaneidade.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos recorda que foi a proponente da candidatura apresentada à DGPC, contando com a colaboração da Universidade de Évora e o apoio da União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho, instituições e associações locais e de toda a população de Glória do Ribatejo.

O presidente do município, Hélder Esménio (PS), salienta a “enorme satisfação” para o município, atribuindo grande parte do sucesso da candidatura ao “mérito da tipicidade dos bordados” da comunidade da Glória do Ribatejo e ao envolvimento desta no projeto.

A nota refere que o município tem vindo a desenvolver “várias atividades com o objetivo de divulgar e promover o património histórico e cultural do concelho de Salvaterra de Magos, entre os quais se destacam os bordados da Glória do Ribatejo, procurando desta forma contribuir para a recolha, estudo, promoção e divulgação deste património”.

O dossiê da candidatura para classificação dos bordados típicos da povoação de Glória do Ribatejo a Património Cultural Imaterial Nacional foi entregue pela autarquia no dia 17 de fevereiro de 2020, tendo o processo entrado em consulta pública em outubro passado.

A candidatura destacava “a produção e uso dos bordados a ponto de cruz de Glória do Ribatejo […] presente no quotidiano da freguesia há várias gerações”, uma “arte popular” que resulta de um “saber-fazer transmitido oralmente e em contexto prático pelas mulheres glorianas”, aplicado, nomeadamente, em peças de vestuário ou roupa de casa, entre outras.

“Por um lado, esta expressão artística e também cultural era o reflexo de uma necessidade prática da mulher gloriana que, com poucos recursos, tentava dar algum requinte à sua indumentária, aplicando os bordados em todas as peças que costurava à mão, mas, por outro lado, permitia assinalar um estatuto ou relação pessoal e social”, afirma a ficha de candidatura.

Essa projeção para o espaço público de “um testemunho de um estatuto pessoal e social do seu portador” tornou estes bordados numa “marca na identidade dos habitantes desta freguesia”, acrescenta.

“A interpretação pública do próprio bordado era, em si mesma, um verdadeiro evento. A simbologia e funcionalidade associadas à aplicação destes bordados confere-lhes características que os diferencia dos outros bordados, sem qualquer expressão comercial ou de ostentação de riqueza, já que estas peças deixam transparecer o rigor e o preceito de quem as borda”, sublinha ainda o documento apresentado pelo município.

A candidatura, iniciada em 2018, foi preparada em conjunto com a Universidade de Évora, instituição que havia já sido parceira do município no processo de classificação da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.