De acordo com a informação do Banco Mundial, este crédito, equivalente a 28 milhões de euros, foi aprovado na terça-feira e será concedido a Cabo Verde através da Associação Internacional de Desenvolvimento - organismo daquele grupo que fornece empréstimos sem juros e subsídios aos países mais carenciados – com “um cofinanciamento complementar de cinco milhões de dólares”, através de uma subvenção do Programa Global para o Fundo Fiduciário Multidoadores da Economia Azul.

Acrescenta que o projeto pretende “contribuir para objetivos críticos, nomeadamente a melhoria sustentável da diversidade da oferta do setor turístico em mais ilhas e segmentos de mercado”, bem como “permitir uma maior participação e ligações das comunidades locais nos dividendos económicos que advêm do turismo”.

Nesta primeira fase, as intervenções integradas e transectoriais do projeto abrangerão destinos nas ilhas de Santiago, Santo Antão, São Vicente e Sal, incluindo o desenvolvimento de infraestruturas “resilientes de turismo e economia azul”, como a melhoria de trilhos de ‘trekking’, restauro de património histórico-cultural, passeios marítimos, cais de pesca e mercado ou acessibilidades.

Prevê o apoio ao setor das pequenas e médias empresas locais e empresas lideradas por mulheres “no fornecimento de serviços e produtos sustentáveis, orientados para a procura atual da cadeia de valor turística”, aproveitando em particular o potencial associado à economia azul em Cabo Verde.

Envolve ainda o apoio “a um quadro de políticas públicas conducentes e facilitadoras (incluindo o marketing internacional do destino Cabo Verde)”, bem como “o reforço do planeamento territorial associado, a melhoria da recolha de estatísticas turísticas, o reforço da sustentabilidade e da gestão de sítios e serviços turísticos”, entre outras medidas.

“À medida que as autoridades perseguem o objetivo de reconstruir melhor (“build-back better”), cria-se uma oportunidade real de enfrentar estes desafios. Neste contexto, o projeto proposto apoia a visão e estratégias nacionais - nomeadamente o Programa Operacional do Turismo e o Plano Nacional de Investimento para a Economia Azul - para promover o turismo sustentável e a conservação dos recursos naturais com benefícios para as comunidades locais”, explica o Banco Mundial, sobre este financiamento concedido a Cabo Verde.

A instituição, que ainda em abril aprovou outro financiamento a Cabo Verde, de 26 milhões de dólares (24,3 milhões de euros), para o projeto de capital humano, recorda o turismo no arquipélago “registou um crescimento excecional nas últimas duas décadas e é um motor crucial de crescimento e criação de emprego”, valendo cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

“A pandemia de covid-19 representou, no entanto, um grande revés, com as chegadas a colapsarem cerca de 75 por cento em 2020, afetando o turismo e os setores auxiliares de forma particularmente dura. Para além do choque económico sem paralelo, a pandemia destacou também desafios estruturais no setor, incluindo a concentração excessiva de chegadas em duas ilhas e num único segmento de mercado, ligações fracas com as cadeias de abastecimento local, e questões de sustentabilidade ambiental - em particular nas zonas costeiras”, sublinha a instituição.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020 registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021.

Segundo informação anterior da instituição, o Banco Mundial é “um dos parceiros estratégicos de desenvolvimento de Cabo Verde”. Contava no primeiro trimestre deste ano com 11 projetos em execução no país, nas áreas do turismo, educação e desenvolvimento de competências, transportes, inclusão social, energia, economia digital, saúde, setor empresarial e acesso ao financiamento de micro e pequenas empresas, totalizando 223 milhões de dólares (203 milhões de euros).