Bilhete-postal enviado por Liliana Igreja

Sim, ainda sou daquelas pessoas que treme ao ouvir o início de um estridente solo de guitarra ao vivo. Acredito que um bom concerto de rock ainda consegue soltar toda a energia e alma que tens dentro de ti e lembrar-te da verdadeira essência da música.

Admito que o rock evoluiu, e muito. Mas com a evolução veio versatilidade e inovação.

Dave Grohl, veterano nestas andanças e ex-baterista dos Nirvana, ainda consegue colocar genialidade em tudo o que faz. E talvez por isso sou fã incondicional dos Foo Fighters.

Como qualquer banda, também eles têm um paraíso de live concerts: o legendário Wembley Stadium.

Com a notícia de que iriam voltar a atuar neste mítico estádio em 2015, impulsivamente arranjei forma de comprar os bilhetes para aquele que prometia ser o concerto de uma vida. Mesmo com a época de exames da faculdade a acontecer simultaneamente. Com os bilhetes a esgotarem e a ansiedade a crescer, consegui três dos últimos bilhetes. Sorte? Wait for it.

Bilhetes de avião: comprados. Sítio onde ficar: tratado.

Tudo pronto para aquela que prometia ser a viagem com a melhor banda sonora de sempre.

Chegou o dia que antecipava a nossa aventura londrina e, prestes a tentar dormir um par de horas, decido ligar a Internet e leio uma das piores notícias/desilusões que tenho memória: CONCERTO CANCELADO! Tudo porque o vocalista, Dave Grohl, partiu uma perna ao cair do palco num concerto na Suécia e cancelou todos os restantes da tour europeia.

Com mala pronta, bilhetes comprados, um sonho destruído e entusiasmo no limiar do zero decido apanhar o voo na mesma.

Hoje consigo admitir que foi das melhores viagens da minha vida. Porquê? Porque sem quaisquer planos ou mapa acabei por visitar o melhor que Londres tem para oferecer. Tudo porque evitamos os clichés e tudo o que é considerado tipicamente turístico que aparece em qualquer website ou livro, em prol da descoberta de uma cidade mais pessoal e genuína.

Claro que o vimos o Big Ben e tiramos uma foto em frente ao Palácio de Buckingham, mas mais importante que isso vivemos e sentimos o espírito de verdadeiros londrinos. Compramos livros velhos em feiras de rua, parámos para ouvir aquela banda de Blues que tocava em Oxford Street em vez de entrar nas luxuosas lojas, adormecemos à entrada de um festival de música em pleno Hyde Park e por fim porque não podia deixar de ser, visitamos o Wembley Stadium. O mais curioso foi o facto de lá encontramos fãs de todo o mundo, a quem tinha acontecido exatamente o mesmo que nós. Foi uma experiência incrível.

Se foi uma viagem perdida? Nunca. Sem objetivos ou planos definidos, o improviso e a espontaneidade fluiram e fizeram desta viagem improvável algo memorável.