Bilhete-postal enviado por Maria Rocha
A verdade é que andávamos há dois dias a conhecer o Funchal, quando decidimos alugar um carro e dar a volta à ilha.
Depois de todos os trâmites necessários, lá nos entregaram um smart, automático, para subir e descer levadas. Foi complicado, ficar de frente para um autocarro e de um lado uma levada, e do outro, outro carro. O pensamento era, estamos num smart, isto cabe em todo o lado. Lá íamos seguindo caminho. Enquanto o Pedro conduzia concentradíssimo, eu seguia com o GPS na mão e absorvia tudo o que podia. Eu trouxe o coração cheio e quente, as paisagens a beleza natural… Tudo sabia, a perfeição no bosque, quase como quando lemos a Fada Oriana, e conta sobre as gotas do orvalho que apagavam a sede. Enfim, a roçar o surreal. No entanto, nem tudo são mesuras, e nós somos Portugueses, em Portugal, mas nem eu nem o Pedro conhecíamos a Madeira. Tudo era novidade.
Quando alugamos o carro, deram-nos um mapa onde assinalaram os lugares mais bonitos. Eu muni-me de bateria no GPS, visto ser altamente dependente deste gadget. Foi precisamente num desses momentos de dependência, que algo de surreal nos aconteceu. Estávamos nós numa levada, rodeados de crisântemos e hortênsias, quando nuvens brancas e fofas começam a rodear o carro. Quase como uma descrição fantástica de uma subida ao céu, as misturas de cores eram tão absorventes que não me apercebi do Pedro a perguntar-me onde estávamos. Ele repetiu e eu acordei, e olhei para o GPS, visto não existir indicações… Eis que me deparo com um GPS perdido. O GPS estava como eu, tão maravilhado que se perdeu. Fiquei com suores frios, entrei em pânico e disse: “Hmm eu não sei… e o GPS também não”. Fiquei a olhar para o Pedro sem saber o que fazer, ele muito calmamente e muito senhor de si disse: “Não te preocupes, temos combustível e lembro-me de ter ouvido o GPS dizer, que tínhamos de andar por aqui 8km, ainda só fizemos 2 por isso estamos bem”. Eu respirei, porque a verdade é que tinha deixado de o fazer. E foi então que o GPS deu um toque, e dizia para seguir pela estrada por mais 6km.
Se foi sufocante? Sim, mas não muito, porque eu no fundo estava com hormonas de férias, e estava assoberbada pela beleza natural que nos rodeava.
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