Curiosamente vão atuar na terra onde vivem Silvino Lopes e Fernanda Santana e que, por outro lado, influenciou o nome da companhia.
“Nós escolhemos Anceriz para viver e os naturais têm a alcunha de “gorgulhos”.
Silvino Lopes é ator amador e vive em Anceriz com Fernanda Santana.
A antiga atriz profissional vive agora uma nova experiência, onde o teatro ganha novas valências em particular em pequenas aldeias “onde vivem poucas pessoas. Chãs d’Égua, Cepos.... Estas aldeias não têm atividade, com exceção do mês de agosto e em outras épocas festivas como a Páscoa. Para além disso, não há mais nada.
A Câmara de Arganil promoveu algumas iniciativas, mas foram interrompidas com a pandemia.”
Por outro lado, as atuações são gratuitas, como é o caso, neste sábado, na Liga de Melhoramentos de Anceriz.
Acrescenta Fernanda Santana que “como opção de vida, não preciso de ganhar dinheiro com o teatro.
Posso oferecer o meu tempo e fazer voluntariamente sem cobrar algum dinheiro. Porque, se eu vou pedir dinheiro a uma aldeia ou colectividade que organiza uma festa, para arranjar verbas para fazer umas obras na associação, eles não conseguem angariar fundos.”
Acácio Simões, juntou-se aos Gorgulhos - Teatro na Serra há sete anos e há quase seis décadas que vive nesta região. Já liderou a Associação Filarmónica Barrilense, conhece bem a cultura local e sublinha a boa receção do público.
“É um dia festivo. Provavelmente incentiva a ideia da nossa cultura de enriquecimento, da necessidade social de partilhar e de ver coisas novas. Uma animação. Talvez o explodir de uma abertura para o mundo.”
Para Fernanda Santana esta foi uma realidade que descobriu quando foi viver para Anceriz.
“É muito desafiante porque as pessoas não têm o hábito de ir ao teatro ou de ver teatro. Nesta zona, não há salas de teatro e como as aldeias estão muito dispersas é difícil deslocar lá pessoas. Por outro lado, são aldeias com pouca gente e, principalmente, gente de idade. O que é mais desafiante para os entreter a eles e aos jovens”.
Este contexto é acentuado no próprio nome da companhia – Teatro na Serra. O trabalho criativo é mais atribuído a Silvino Lopes que o desenvolve a pensar na itinerância, “nós somos uma espécie de saltimbancos da cultura. Nós e qualquer associação cultural.”
Para além do teatro desenvolvem ainda animação de rua. Assisti a um espetáculo na sede do Rancho Infantil e Juvenil de Coja.
Crianças e pais divertiam-se com a magia do Grande Paskini e houve também o propósito de incentivar os mais novos a aderirem a um novo projeto que alia dança e teatro numa próxima representação.
Gorgulhos – Teatro na Serra e a TEIA, Teatro Experimental de Intervenção em Arganil da Associação Juvenil Cume, são as únicas companhias de teatro no extenso concelho de Arganil.
Os Gorgulhos – Teatro na Serra e do prazer de levar um espetáculo a pequenas aldeias da serra do Açor faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários