A perplexidade é maior porque o museu/laboratório é uma das facetas de um investigador.

Cappas Insectozoo
créditos: andarilho.pt

João Pedro Cappas Sousa, que praticamente dedica toda a sua vida ao estudo dos insectos. Desde muito novo que lê sobre biologia de insectos, Entomologia, e queria ser investigador nesta área.

Cappas Insectozoo
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“O estudo de biologia dos insetos, especialmente formigas, abelhas e vespas, não existe em Portugal. Há de taxonomia, mas isso não me interessa. O meu interesse é sobre como vivem, como comunicam, como pensam.”

Acabou por tirar o curso de “design industrial e isso ajuda-me a fazer expositores de modo a que as pessoas possam ver como os animais vivem nos seus ninhos, no dia a dia.”

João Pedro Cappas Sousa, em alguns meios académicos brasileiros conhecido como mestre Cappas, construiu formigueiros, colmeias e outros habitat que recriam o meio natural de várias espécies de insectos que vai estudando.

Cappas Insectozoo
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“Temos baratas, foram elas que estiveram na origem das térmitas. Temos ainda abelhas, vespas e formigas. Descendem de uma vespa primitiva. O museu está focado nos efeitos sociais, em insectos que vivem em família.”

Tivemos a sorte de ver uma abelha rainha a desovar nos favos, depois de João Pedro Cappas ter retirado um pano preto que protegia a colmeia enorme com paredes de vidro.

Cappas Insectozoo
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Vimos milhares de abelhas nas suas mais diversas funções. Umas entram ou saem por um tubo, outras batem as asas incessantemente para movimentar o ar no interior da colmeia...

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Em detalhe e com enorme entusiamo, Cappas descreve-nos algumas dessas funções. Não admira a reação de muitos visitantes. “As pessoas ficam espantadas e algumas excitadas. Uma vez tive uma visita de crianças. Começaram a ficar excitadas e quando esperava que o casal de professores ou auxiliares colocasse ordem nas crianças, eles estavam ainda mais excitados.”

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Formigueiros vimos vários. Todos construídos por Cappas. Cada um tem uma espécie e organização social diferente. Umas tornam-se enérgicas com a luz e calor e iniciam movimentos frenéticos quando o formigueiro fica descoberto, após ter sido retirado um pano escuro.

Outras fazem pão, levam o lixo ou os mortos para o cemitério. As obreiras produzem ovos que servem de alimentação.

Cappas Insectozoo
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É mesmo um formigueiro de conhecimentos que nos é transmitido visualizando milhares de exemplares. Por isso, cada visita é única. “Não há visitas iguais porque uma pessoa que entra numa determinada altura vê uma realidade. Outra pessoa que vem a seguir já vê uma realidade diferente.”

Cappas Insectozoo
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Neste laboratório vivo e singular, João Pedro Cappas mostra-nos um espaço enorme da sua casa senhorial. Várias divisões com instrumentos, livros, comida para os insectos, plantas, maquetes... e a visita segue o caminho dos interesses do visitante e uma longa viagem no tempo. Até espécies de formigas e baratas com modo de vida semelhante ao da época dos dinossauros.

Cappas Insectozoo
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“Vivem ainda como no tempo dos dinossauros. Tudo vivo, não há animais mortos, em álcool..”

Esta sala tem muitos livros e cadernos com apontamentos. Cappas diz que são diários onde anota a observação permanente das várias espécies.

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A sua primeira obra de referência foi quando, em 1975, a avó lhe ofereceu o livro a Criação de abelhas indígenas sem ferrão, de Paulo Nogueira Neto, a quem ele dedica o nome de uma sala no Insectozoo e de quem se tornou amigo.

Rapidamente se interessou por este tema. Num processo de autodidacta, conseguiu obter conhecimento que o leva a ser frequentemente convidado para conferências no círculo cultural brasileiro.

Cappas Insectozoo
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“Eu estudei as abelhas isoladas, sem contacto com outras colónias. Porque elas trocam abelhas, mel, cera... Isso permitiu-me, por exemplo, com as abelhas sem ferrão, saber o que se passava. Eu só dava alimentos e tomava notas nos diários.

Cappas Insectozoo
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Apontamentos muito pormenorizados. Com os diários, podemos descobrir o início de algum problema ou consequência de alguma coisa. Isso ajudou muito.”

João Pedro Cappas diz que recebe muitos pedidos de ajuda, fotos, vídeos e, por outro lado, o acervo que reúne resulta de troca de informação com outros especialistas e de pesquisas que realizou.

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“Tivemos entre os retornados cientistas famosos, que trouxeram conhecimento. Eu fui à procura dessas pessoas e algumas passaram-me conhecimentos. Foi o caso do Dr. António Barros Machado. No Brasil, Paulo Nogueira Neto, e muitos outros em todo o mundo. Trocamos conhecimento e ajudamo-nos uns aos outros.”

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O fascínio pelas abelhas levou-o para outro universo. Decifrar os códices Maias. Numa das paredes tem afixado um códice figurativo, com inúmeros símbolos, e João Pedro Cappas explica, uma a uma, cada representação e o seu significado para uma civilização que utilizava o mel quase como um elemento sagrado. “O códex Maia tem a ver com os conhecimentos que eles tinham. Está tudo escrito. Informação sobre questões reais, o calendário das chuvas, quando se deve plantar o milho, manual prático de criação de abelhas sem ferrão. Com técnicas modernas como, por exemplo, transferir abelhas de um tronco para uma colmeia.”

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O códice Maia é outro tema para o qual é muito solicitado. Tem várias publicações, é incessante a procura por mais conhecimento. A angústia é de quem lhe dê seguimento.

O Cappas Insectozoo - Museu Vivo de Insectos Sociais abriu ao público em 1998 e, como dá para perceber, não é um museu qualquer. É um museu vivo, de surpresas, paixão pelo conhecimento e fascínio pela descoberta.

As visitas são com marcação prévia.

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Cappas Insectozoo - Museu Vivo de Insectos Sociais e de surpresas fascinantes faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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