Quem acompanha o trabalho de Ana Moura no Lamelas, Costa Vincentina, sabe bem que "o mais importante é o sabor e o respeito pelos produtos, clientes, fornecedores e colaboradores", por isso mesmo a chef faz questão de trabalhar com os pequenos negócios locais: "Compro o pão na padaria, a carne no talho, todo o peixe vem da lota de Sines e os legumes da Cristina, no mercado".

A sua parceria com os produtores da terra estende-se ainda aos vinhos — o Lamelas tem um rosé exclusivo produzido, em Grândola, n'A Serenada — e a uma ética de trabalho com as suas gentes que passa por pagar pelos serviços e produtos o que é justo a tempo e horas. Importante é igualmente a questão da sustentabilidade, pelo que neste restaurante usa-se muito a abrótea, abundante na região, ou aproveita-se, por exemplo, os fígados para patês.

Com a sua peixeira de (merecidas) férias, a chef optou por adaptar a ementa ao facto de não ter peixe fresco ao invés de ir comprar na concorrência, mantendo-se assim fiel aos seus princípios.

Ainda que de forma diferente, o mar continua presente na carta que tem como grande destaque os arrozes como o de polvo, bacalhau, sapateira e, numa versão ainda mais caldosa, de coelho.

Deste modo, o que poderia ser, à partida, uma contrariedade, tornou-se, uma vez mais, num pretexto para Ana Moura — e o Lamelas — continuar a mostrar o seu talento e enorme versatilidade.