O espaço é incrível, uma espécie de dois em um. O restaurante com buffet de quentes e frios é mágico, por onde quer que olhemos, com uma parede quase toda de temperos, com mesas e cadeiras em madeira, pintadas de cores alegres, na esplanada uma das mesas é uma porta, se por um lado poderia assustar quem passa, dentro do contexto é uma peça essencial de bom gosto.

Saindo do restaurante, viramos à direita, subimos umas escadinhas e entramos numa casa de três pisos, continuação do espaço. No primeiro andar, mesas, livros, flores secas penduradas no teto e, no meio da sala, como se de um elefante branco se tratasse (só que não) está uma máquina linda de fazer pão! Uau, uma verdadeira relíquia que funciona e produz o pão diário. O máximo, genteeee!

No segundo piso, um buffet menor e Dominicque, o mestre dos sumos. Inspira-se nas cores. “Nenhum sumo leva água, para não alterar o sabor”, explicou-me. Há uma grande variedade: provei morango com beterraba, manga com maracujá e um terceiro, que eu amei no primeiro gole, à base de espinafre, manjericão, lima e gengibre. Dias antes tinha provado em outro lugar, um sumo de gengibre e maçã que acabou com o meu estômago por causa da quantidade de gengibre, mas Dominicque simplesmente tem a quantidade perfeita. É incrível como dá mesmo para sentir todos os sabores, como se de uma orquestra se tratasse, onde cada músico tem o seu lugar e, mesmo que toquem todos ao mesmo tempo, dá para reconhecer cada um dos instrumentos nitidamente.

Um paraíso gastronómico chamado House of Wonders
Dominicque, o mestre dos sumos créditos: Paula Bollinger

Até já Dominicque! Subo mais um lance de escadas decoradas por mapas, sombreros e quadros e chego ao terraço colorido, com plantas, cantinhos que chamam para sentar, ter uma boa conversa entre amigos, ler um livro ou apenas ficar no dolce fare niente.

No House of Wonders, a linha gastronómica é oriental com mediterrânea. Os pratos são diferentes todos os dias, portanto não há menu. A ideia é levar para o prato um mix de cores, com alimentos saudáveis e saborosos.

Durante a refeição, partilhar e nada de colocar os talheres por cima do prato, enquanto houver ainda comida na mesa. Gostei da ideia, apesar de ter feito tudo errado na hora, mas aprendi a lição e achei-a linda!

Como entrada provei o hummus com uma ciabatta feita com três tipos de farinha, glúten free total. Gente do céu, quando provei o humos, pirei na hora! Sério, sem qualquer exagero, nunca comi algo assim na minha vida, tão saboroso. Meu Deus, só de pensar já fique com água na boca. É único, o pão delicioso sumiu da mesa em poucos minutos… hahaha

Um paraíso gastronómico chamado House of Wonders
Hummus créditos: Paula Bollinger

Provei um pouquinho dos vários pratos do buffet, amei couscous e o tabule de quinoa é divinal. Vale a pena provar os pimentos recheados, o chuchu e os rebentos de soja. Ai, na verdade tudo é bom, tudo é gostoso! A sobremesa é de loucos, provei e exagerei nas garfadas! Uma trilogia perfeita para quem gosta de parfait, tipo eu. Tem amora com beterraba, abacate com pistachio, cardamono, lima e figo - foi o que eu mais garfadas dei - e manga com sementes de papoila.

À noite o cenário muda, é preciso fazer reserva, está sempre cheio. Só há 4 tipos de pratos quentes que têm como base a quinoa marroquina biológica e Freekeh, considerado o cereal mais antigo do mundo.

Uma história linda e impossível de esquecer

Um restaurante repleto de “filhos do mundo”, somam-se 14 nacionalidades no staff. A ideia, a criação, tudo o que se vê e se come partiu da vivência de Anna de Bruin, uma holandesa que esteve a viver em Zanzibar durante 7 anos. O nome do restaurante é em homenagem ao primeiro edifício em Zanzibar a ter luz elétrica.

O coração de Anna é humilde e repleto de gratidão, nota-se nas palavras, no brilho de seus olhos, no jeito como respeita a comida e quem está ao seu lado. Leva consigo aqueles valores de quem já percorreu o mundo e viu de tudo um pouco, de quem sentiu dor e descobriu, durante o seu percurso, o segredo da felicidade.

Um paraíso gastronómico chamado House of Wonders
Anna de Bruin créditos: Paula Bollinger

Conversar com ela é perder-se no tempo, com histórias lindas, numa voz calma e doce, repleta de bom humor! Diz que decidiu mudar-se para Portugal sete anos atrás, por causa da luz. Como a entendo! A luz de Portugal é maravilhosa, em Lisboa então tem tudo para deixar qualquer pessoa “enloucrescida”.

Junto a Dominicque, seu parceiro, gerem de segunda a domingo, todos os dias do ano, o House of Wonders. Vou voltar, devo ter dito, no mínimo, umas dez vezes, durante o almoço que tinha que mostrar toda essa maravilha ao meu marido. Portanto, em breve irei e devorarei sem culpa o hummus mais gostoso do mundo!

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