É o doce mais tradicional de Alcochete. Fazia parte da doçaria local nos períodos festivos e, segundo a lenda, terá mais de cinco séculos de existência.
Começou com uma promessa de pescadores perante o risco de um naufrágio.
“Pediram socorro à Nossa Senhora da Atalaia e como foram socorridos fizeram uma massa escura, puseram o nome de fogaça, e os que sobreviveram foram oferecer este bolo à Senhora da Atalaia.”
A narração da lenda é de Maria Emília, dona da Padaria Popular, no centro de Alcochete. Mesmo em frente à igreja matriz.
É uma das mais conhecidas na produção permanente de fogaças que, segundo me explicou, é fácil de confecionar. “É feita com farinha de trigo, açúcar amarelo, raspa de limão, canela, água, um pouco de leite. É amassada, depois colocada num tabuleiro e pintada com ovo e vai ao forno.”
O forno é a lenha e a produção é feita pela filha da senhora Emília. Ao final da manhã assistimos a várias fornadas onde o aroma e as fogaças quentes a saírem do forno tornam sedutora a prova. A mesma reação dos que descobrem a fogaça pela primeira vez. “Dizem que adoram este bolo. Tornou-se mais conhecido e agora ainda mais porque foi certificado.”
A certificação é de abril de 2021 e a marca registada é Fogaça de Alcochete – Sabor Original.
Além da proteção da marca o objetivo é assegurar a produção do doce.
Na Padaria Popular é “todo o ano. Vende-se muito, é muito concorrido. As padarias fornecem todos os dias e há particulares que fazem para se desenrascarem, para venderem alguma coisa. Em toda a vida se fez isto.”
A tradição mantém-se e está associada a um dos rituais mais interessantes da comunidade local, o Círio dos Marítimos de Alcochete. Na Páscoa são arrematadas em leilão com mais de 200 bandeiras no santuário da Senhora da Atalaia. A festa alarga-se depois a Alcochete e é uma das mais populares.
Fogaça de Alcochete – o doce das promessas faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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