Antes de viajar

A viagem do Porto para Genebra, através da Easyjet, foi comprada com três meses de antecedência, assim como a reserva dos três hotéis (dois no site do hotel e outro no Destinia) que serviriam de base nestas férias de cinco noites e seis dias.

Um passo importante para quem opta por viajar de transportes públicos na Suíça, que foi também a nossa escolha, é a aquisição do Swiss Travel Pass. Este 'passaporte' permite, mediante um custo, viajar na grande maioria da rede pública de transportes, além de entradas gratuitas em centenas de museus. Nos serviços geridos por entidades privadas, como a subida a Gornergrat ou Schilthorn, existe um desconto de 50% para os portadores do Swiss Travel Pass, que pode ser adquirido online com antecedência.

Crianças até aos seis anos não pagam, daí ser chamado um destino familiar.

Já fizeram uma simulação de aluguer de carros no período conturbado (covid-19 e guerra na Europa) que vivemos? Uma reserva que outrora custava 135€ agora ascende aos 710€ (consultamos valores reais de 2018 e atuais de 2022 para o mesmo destino e período). Por isso, a escolha de transportes públicos pode parecer cara à primeira vista, mas depois há que fazer a conta ao combustível e ao CO2 que poupamos ao planeta.

Com o Swiss Travel Pass não precisam de fazer reserva de lugar, salvo em alguns comboios especiais, nomeadamente os de percurso lento e panorâmico como o Glacier Express. Basta verificar na app da SBB a plataforma e o horário do comboio pretendido e entrar na carruagem em direção ao destino escolhido. Existem carruagens familiares, identificadas com autocolantes infantis, estas sem cadeiras para mais espaço, mas também sem entretenimento infantil a bordo. Existe também uma carruagem restaurante.

Na Suíça a moeda utilizada é o Franco. Uma dica para evitar os custos dos juros associados a transações bancárias ou levantamentos no ATM passa por adquirir gratuitamente um cartão Revolut, que permite converter sem custos na App a moeda local na moeda do destino escolhido, existindo apenas um montante limite sem taxas.

Aproveite para ver as melhores imagens desta viagem na galeria abaixo.

Dia 1 e 2: Genebra/Montreux

Chegamos ao aeroporto de Genebra e partimos de imediato para o primeiro destino: Montreux. Antes de entrar no comboio, compramos umas refeições no aeroporto para comer pelo caminho. Aqui vai a primeira dica para quem quer poupar num país naturalmente caro. Na Suíça há uma rede vastíssima de supermercados Migros, Coop ou Denner, que servem refeições prontas a um preço acessível. E de que preços estamos a falar? Bem, uma refeição num supermercado custa à volta dos 9/10 francos e em restaurante nunca pagarão menos do que 25 (pizza, massa, fondue...). Para crianças, principalmente nos restaurantes em Montreux, há menus a 12 francos com oferta de uma sobremesa.

A viagem do aeroporto de Genebra até Montreux durou cerca de 1h30 e tudo foi muito tranquilo. Nunca foi tão simples encontrar a plataforma, sair de uma estação com carrinho de bebé e malas - todas têm rampas e elevadores (em funcionamento), ou chegar a horas ao destino. Lembram-se do título do artigo que introduziu o roteiro da Suíça? Pois bem, não foi clicbait, a Suíça é mesmo assim.

Já na estação de comboios de Montreux, descemos até à promenade (esta cidade fica na zona francesa da Suíça), onde se encontrava o nosso hotel, o Villa Toscane, que afinal estava encerrado... Esta viagem foi feita entre 15 e 20 de março, sendo a reta final da época baixa, sendo o início da época alta a 15 de abril. Sabíamos que a maior parte dos serviços seria feito no Hotel Royal Plaza, mesmo em frente, mas ao chegar fomos informados de que iríamos pernoitar, sem custos extra, nesse hotel de categoria superior. Como devem imaginar, não ficamos nada chateados.

Montreux é uma cidade para respirar ar puro. Basta passear à beira do lago Léman, apreciar as montanhas do outro lado da água, admirar as flores ao nosso redor e já está. A serenidade toma conta de nós, apenas interrompida pela irrequietude das nossas filhas.

Para eles há muitas e variadas opções: Castelo de Chillon, inspiração para o castelo da Pequena Sereia Ariel no filme da Disney de 1989, ou o Museu da Alimentação (Vevey).

Estes foram os restaurantes que visitámos: Restaurant 1820 Pizzeria & Cocktails Bar, Café Bellagio, Molino e Rouvenaz. Todos eles com selo de qualidade Volto JÁ.

Dia 3: Zermatt

O dia começou bem cedo, com um pedido de pequeno almoço expresso ao hotel para comer depois no comboio, pois queríamos chegar bem cedo à bela cidade de Zermatt, um dos dos postais mais conhecidos da Suíça. Para chegar aqui são 2h30 de viagem e duas mudanças de comboio, mas já sabem, tudo se faz com uma boa dose de tranquilidade.

Instalados no Hotel Carina, com vistas para o Materhorn, vestimos as roupas adequadas para a neve e fomos até à estação exclusiva para subir até Gornergrat (3089 metros de altitude), o ponto mais alto. Sentem-se do lado direito e terão as melhores vistas sobre Zermatt.

Para quem viaja com crianças, recomendamos parar em Rotenboden (2815 metros de altitude), alugar um trenó e divertir-se com os mais pequenos numa descida até Riffelberg (2582 m.a.). Caso o vosso bilhete assim o permita, podem subir no comboio e descer de trenó quantas vezes quiserem. Para informações sobre preços e horários visite o site oficial.

Em março, as pistas estão cobertas de neve e o frio, desde que bem equipados, não incomoda. Na zona de Riffelberg tem um restaurante estilo bufete para todos, desde os mais novos até aos veganos. As vistas são surpreendentemente serenas desde a esplanada.

Jantámos no hotel, cujo ambiente é descontraído, jovem e acolhedor. No dia seguinte de manhã aproveitamos para conhecer o centro da cidade e, por volta da hora do almoço, partimos para o próximo destino, não sem antes comprar o almoço no supermercado Coop.

Dia 4 e 5: Interlaken/Lauterbrunnen e Schilthorn

Chegamos a Interlaken poucos depois do almoço. Depois de nos instalarmos no Lindner Grand Hotel Beau Rivage, mesmo em frente ao rio, fomos conhecer a cidade. Um dos pontos mais conhecidos é o Harder Kulm que, infelizmente, estava encerrado, abrindo apenas a partir de abril. É uma plataforma a mais de 1300 metros de altitude com as melhores vistas sobre a cidade e os lagos.

No dia seguinte, partimos de comboio (20 minutos) em direção a Lauterbrunnen, outro 'postal' com várias quedas de água. Depois de um bom passeio em família, subimos, ainda de manhã, em direção a Murren (trajeto abrangido pelo Swiss Travel Pass) por Grütschalp, de funicular e depois comboio. As vistas são maravilhosas.

De Murren até Schilthorn é um trajeto não abrangido totalmente pelo Swiss Travel Pass, pelo que terão de pagar 50% do valor do bilhete. Mais informações aqui. Do local de chegada em Murren até ao próximo teleférico é uma caminhada de 20 minutos, que está aqui mencionada propositadamente, uma vez que é um passeio muito agradável com vistas magníficas.

O início da subida de teleférico até Schilthorn faz-nos antever uma viagem ao mundo de 007 quando se ouvem os primeiros acordes da música Writing's on the Wall de Sam Smith, do filme Spectre (2015).

Viajar pela Suíça é viajar em altitude. Agora estamos a 2970 metros acima do nível do mar e no local onde foi filmado o filme 007 - Ao Serviço de Sua Majestade, de 1969, o único protagonizado por George Lazenby, e um dos melhores da saga.

Com vistas para as montanhas Eiger, Mönch e Jungfrau, neste espaço (Piz Gloria) existe um restaurante panorâmico e giratório (360º), simplesmente arrebatador, principalmente para os fãs de James Bond, uma vez que são servidos champanhe Bollinger e vodka martini's. As referências no menu não ficam por aqui, havendo refeições com nomes de filmes do agente secreto, sendo a estrela o hambúrger (vários tipos de carne, vegetariano e inclusive vegano) no pão, que vem 'carimbado' com os números 007. As crianças também têm muitas opções e o atendimento é primoroso.

Depois do almoço podem visitar o museu interativo Bond World para ficar a conhecer mais detalhes do filme ali filmado, além de outras curiosidades sobre os filmes. Mesmo que não haja vontade, entrem nas casas de banho para mais surpresas.

Estejam atentos ao relógio - na Suíça os serviços fecham mais cedo do que o habitual em Portugal - e desçam de teleférico até Birg. Aqui podem ter uma experiência vertiginosa no Thrill Walk. Colado ao maciço rochoso, a 2677 metros acima do nível do mar e cerca de 1000 metros acima da vila de Mürren, este é o ponto de partida para um passadiço com chão de vidro e túneis de aço, apenas para os mais corajosos.

No regresso, optem por um trajeto diferente - para uma experiência diferente - e desçam em direção a Stechelberg. Uma vez aqui, entrem num autocarro em direção à estação de comboios de Lauterbrunnen e façam o percurso inverso até Interlaken.

O dia seguinte serviu para dar mais uma volta pelas margens do rio antes de regressar ao aeroporto de Genebra.

Além do Piz Gloria, comemos nos seguintes restaurantes: Restaurant & Bar Lisi e o Hotel Krebs & Terrace (para fondue).

Despesas gerais

Alojamentos: Villa Toscane (408€ duas noites), Carina Hotel (260€ por noite), Lindner Grand Hotel Beau Rivage (436€ duas noites).

Como chegamos até lá: Avião da companhia Easyjet, chegada e regresso por Genebra desde o Porto. Custo: 137€ para dois adultos e duas crianças (1 e 5 anos).

Swiss Travel Pass: 705€ para dois adultos em segunda classe* para seis dias, recordando que as crianças com menos de seis anos não pagam, assim como jovens até aos 16 anos desde que acompanhados pelos pais. Também existem passes de 3 dias (225€ p.p.  2.ª classe), 4 (275€  2.ª classe), 8 (380€  2.ª classe) e 15 (421€  2.ª classe). Recordando que todos estes passes dão direito a entradas em mais de 500 museus e excursões espalhados pela Suíça.

*O Volto JÁ viajou com este passe em parceria com o Turismo da Suíça.

Refeições: cerca de 900€ para os quatro.