Já muito se discutiu sobre o valor de viajar com crianças que não têm capacidade de reter memórias, mas não vamos entrar por esses caminhos, porque cada família deve ter a capacidade de analisar de forma independente como quer e que altura é a melhor para viajar. Uma coisa é certa, todas as razões são boas para viajar e não é por ficar em casa que as crianças vão chatear menos.
Viajamos porque é o nosso maior mealheiro de recordações, emoções e histórias. Enquanto pudermos, continuará a sê-lo. Mesmo agora, com duas crianças a nosso cargo, isso não mudará, conscientes de que os custos são diferentes, assim como a decisão dos destinos.
É por isso que queremos falar da Suíça, um destino em que poucos pensam como local de férias ou escapadinha, mas que as famílias deveriam considerar a partir de agora. Este país europeu, conhecido por acolher milhares de portugueses que ali chegam em busca de melhores oportunidades de trabalho, já há muito estava nos nossos planos e foi sendo adiado consecutivamente, a última vez devido a uma pandemia provocada pela covid-19. 2022 foi o ano. Março foi o mês escolhido. E dois adultos e duas crianças - de um e cinco anos - aventuraram-se pelos encantos da Suíça.
Porquê escolher a Suíça?
Tal como mencionado acima, cada um escolhe a melhor altura para viajar e a forma como o quer fazer. A sustentabilidade deste planeta é tema muito presente nas conversas de família e a escolha de um país com uma boa rede de transportes públicos era prioritária. Se há destino que consegue auferir esse conforto familiar e despreocupação ambiental é a Suíça.
Além de um sistema ferroviário imaculado em conforto, facilidade de utilização e pontualidade, a Suíça consegue oferecer outra coisa que procurávamos: contacto com a natureza, tranquilidade urbana e entretenimento na neve. Tudo isto para uma família de quatro, sem cansar os pais, mas divertir as filhas.
Esta viagem de seis dias e cinco noites teve como bases Montreux, Zermatt e Interlaken, sendo que o aeroporto que serviu de entrada e saída foi o de Genebra, cuja viagem aérea é uma das mais acessíveis e baratas a partir de Portugal. Nessas três cidades que serviram tanto para conhecer como para pernoitar, deu para visitar outros pontos turísticos, tais como o Castelo de Chillon, Vevey, Gornergrat, Lauterbrunnen, Murren ou Schilthorn.
A esta altura da leitura, já devem estar a questionar-se: "viajar em família na Suíça requer um orçamento elevado, não?". Bem, é um país em que o salário mínimo é de 3.783€ na cidade de Genebra, logo as coisas não estão ao nível da restante média europeia. Como tudo na vida, e com alguma ginástica e truques, é possível viajar por qualquer país com um orçamento à medida de cada um e do que é pretendido. Veja o nosso roteiro de seis dias pela Suíça e espreite as melhores imagens desta viagem.
Transportes públicos, menos dores de cabeça e mais energia para o planeta
Habituados a fazer grande parte das viagens de carro, esta foi a primeira viagem em família recorrendo exclusivamente a transportes públicos. Grande parte foi realizada por intermédio de comboios, mas também foram utilizados autocarros, funiculares e teleféricos.
Na Suíça, os transportes públicos são pontuais, organizados, seguros e limpos, parecendo querer rivalizar com o que acontece no Japão, a nossa melhor referência a este nível. Imaginem viagens em que as crianças podem estar soltas, e não amarradas a cadeiras-auto, e desimpedidas enquanto os pais apreciam as paisagens quando surge essa oportunidade?
Damos por garantido que o aluguer de um carro é sinónimo de autonomia e mobilidade, mas isso, na Suíça, salvo exceções, dificilmente acontece, uma vez que os transportes públicos servem os usuários da melhor forma. Por isso é que se vêem tão poucos carros em cidades como Montreux ou Interlaken. Na cidade de Zermatt é mesmo proibida a circulação de veículos pessoais.
Esta viagem serviu também para fazer refletir o nosso estilo de mobilidade. Tendemos a achar que um veículo pessoal é sinónimo de riqueza ou estatuto e que os transportes públicos servem os mais necessitados, mas na Suíça percebemos que essa dicotomia não existe. Tranquilidade e sustentabilidade em nome dos pais e do planeta.
Comentários