Ao caminharmos (voarmos) para a generalização deste meio de transporte, e aumentando a duração dos voos, principalmente para voos de média-longa duração convém ter em conta algumas condições às quais devemos estar mais atentos, para que a sua viagem seja a mais confortável e segura, em termos de saúde.
Ao longo dos próximos artigos, vamos abordar alguns temas que poderão ajudar a que a sua próxima viagem de avião decorra com maior tranquilidade. Falaremos sobre jet lag, síndrome da classe económica e álcool a bordo do avião, entre outros assuntos.
Quando voar?
A grande maioria da população não terá qualquer problema num voo comercial regular, no entanto há certas situações às quais devemos estar atentos. Principalmente nos grupos mais vulneráveis.
As crianças saudáveis podem viajar a partir da 1ª semana de idade sem preocupação e grávidas sem complicações podem fazê-lo, na maioria das companhias aéreas, até as 32 semanas de gravidez.
As grávidas devem ser portadoras de uma carta de acompanhamento do seu médico que deverá incluir as seguintes informações:
- Confirmação de que a gravidez está a correr sem complicações.
- A data prevista para o parto.
- O obstetra deverá certificar expressamente que a gravidez da sua paciente não a impede de fazer uma viagem de avião.
Em caso de internamento por cirurgia ou doença pode ter que esperar entre 1 a 3 semanas antes de poder voar, dependo dos procedimentos a que foi sujeito. Consulte o seu médico de viagem sobre as suas particularidades.
Síndrome da classe económica
Com certeza já ouviu falar do síndrome da classe económica. Já reparou como após voos longos os pés e as pernas ficam mais inchados? Ou já sentiu dificuldade para calçar os sapatos depois de uma grande viagem?
Isso ocorre porque ficamos muito tempo sentados dificultando o retorno do sangue pelas veias, ficando este acumulado nos membros inferiores.
O síndrome da classe económica, assim chamado devido à sua associação com viagens prolongadas num espaço confinado, consiste no aparecimento de trombose venosa profunda (TVP) durante ou algum tempo após uma viagem prolongada.
Longos períodos de imobilidade, como os que experimentamos durante as horas sentados a bordo de um avião, diminui o afluxo de sangue ao coração, que é potenciado pelos movimentos musculares ativos, ou seja pelo exercício. Isto pode causar um acumular de fluidos, sobretudo na parte mais distal dos membros inferiores e uma redução da circulação sanguínea.
O risco de TVP provocado por uma viagem é pequeno, contudo é sensato tentar reduzi-lo, particularmente se é portador de algum fator de risco conhecido.
Em alguns grupos de risco, pode desenvolver-se um coágulo na parede da veia. Este processo é descrito como uma trombose, que dificulta de um modo extremo a circulação do sangue na área afetada. Em casos mais raros, parte do coágulo pode soltar-se e ser arrastado até ao coração pela corrente sanguínea, podendo provocar depois um tromboembolismo pulmonar (TEP), que é uma emergência médica.
Dentro de um avião existem outros fatores para além da imobilidade prolongada que poderão estar implicados tais como: pressão reduzida na cabine, níveis de oxigénio reduzidos no avião ou desidratação.
Convém ressalvar que a grande maioria dos viajantes não irá apresentar qualquer problema.
Grupos especiais de risco:
- Mais de 60 anos
- Pessoas que já sofreram alguma trombose
- Excesso de peso
- Gravidez
- Doença neoplásica
- Mulheres fumadoras a fazer anticoncepcional oral
- Intervenção cirúrgica recentemente
- Perturbações de origem hereditária de coagulação do sangue
O que poderá fazer para evitar a trombose:
- Usar meias elásticas, poderá reduzir de um modo significativo o acumular de fluidos nas suas pernas.
- Exercício durante o voo, passear ao longo do corredor do avião quando a tripulação o permitir fazendo pequenos movimentos de rotação articulares e elevação dos membros inferiores.
- Ingerir bastantes líquidos, de preferência água, de forma a diminuir a desidratação, potenciada pelo ar seco na cabine.
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.
- Evitar comprimidos para dormir ou tranquilizantes.
- Evitar roupas muito apertadas.
Em alguns casos, a prescrição de um anti-coagulante com carácter preventivo poderá ser necessária. As pessoas com vários fatores de risco devem consultar previamente um médico especializado ou o seu médico de viagem.
Bons voos!
Pedro Pinho Caetano é médico pós-graduado em Medicina de Viagem e Aeronáutica
Bibliografia: Lufthansa, OMS, KLM Blog, UCS, MD.Saúde, Skyscanner
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