O que vai encontrar neste artigo:
- Observar a Montanha do Pico em tempo real
- Uma das melhores experiências nos Açores
- Primeiras decisões
- Tipos de percurso
- O que levar?
- Como chegar?
- Casa da Montanha
- Acesso ao trilho
- Custos
- Duração
- Subida
- Previsões meteorológicas
1. Observar a Montanha do Pico em tempo real
O SpotAzores é uma ferramenta essencial para descobrir, em tempo real, o estado do tempo nos locais mais estratégicos das nossas ilhas açorianas. E na Montanha do Pico não é exceção.
Clica aqui para observar a Montanha no preciso momento em que está a ler este artigo.
2. Uma das melhores experiências nos Açores
Imponentemente erguida entre as ilhas do Grupo Central dos Açores, a subida ao ponto mais alto de Portugal, naquele que é o terceiro maior vulcão do Atlântico, é uma inesquecível experiência, pela exigência do percurso, pela exposição aos elementos, e também por nos fazer sentir a origem vulcânica da Natureza que nos rodeia.
Quando o silêncio impera, a dificuldade física e mental remete-nos para uma introspeção espiritual individual recompensada pelo alcance do cume, e, quando a Natureza assim o permite, para um bónus adicional: uma vista ímpar para o Atlântico e para as ilhas vizinhas da ilha do Pico. Nós levamos pipocas para assistir ao melhor filme: o da Natureza!
O Viajante Ilustrador já realizou duas subidas, uma das quais com a Viajante, e é das experiências mais marcantes que já tiveram.
Subindo durante a noite, com guia, ou durante o dia, pernoitando, sem guia... este é um ritual verdadeiramente extraordinário, que se deve fazer pelo menos uma vez na vida! A próxima subida está prometida, e será para dar a conhecer este monumento natural ao Viajante X!
3.Primeiras decisões
Antes de subir, deve decidir:
- Se pretende realizar o percurso com guia ou de forma autónoma;
- Qual o tipo de percurso pretendido;
- Se pretende efetuar o registo prévio (online) na Casa da Montanha, ou arriscar e aguardar pelo dia ideal (sujeitando-se à disponibilidade).
O percurso pode ser realizado com guia ou de forma autónoma. A menos que seja uma pessoa com significativa experiência em trilhos — e com conhecimentos de montanha, recomenda-se que a subida seja feita com um guia de montanha autorizado.
O trilho exige uma coordenação da disponibilidade física com os tempos de caminhada, sendo necessário alguma orientação para não seguir marcações erradas, bem como manter um ritmo de caminhada ajustado. Por outro lado, as condições meteorológicas são muito variáveis e em minutos poderá perder-se a visibilidade essencial para um percurso de ida e volta bem-sucedido.
Os guias conhecem muito bem as características do terreno, quer no que respeita a zonas de proteção, quer no que respeita à geologia, fauna e flora específica da Montanha, pelo que podem tornar o percurso mais dinâmico e interessante. Para contratar um guia basta dirigir-se com antecedência a um Posto de Turismo e consultar a lista de guias autorizados. Pode também procurar online.
De forma a adequar o registo, deve escolher o tipo de percurso que pretende realizar.
Desde 1 de abril de 2020, para as subidas autónomas é possível realizar uma reserva prévia, através da plataforma eletrónica criada para o efeito. Se forem menores de 16 anos têm obrigatoriamente de estar acompanhados por um responsável de grupo que seja maior de idade e têm de ter uma autorização escrita dos progenitores ou tutores legais.
O ideal será sempre realizar a reserva com a maior antecedência possível, mas desta forma as condições meteorológicas serão sempre imprevisíveis para a data escolhida, especialmente nos Açores, e ainda mais na Montanha. Por esse motivo, caso esteja vários dias na ilha do Pico, tem também a opção de ir consultando diariamente a meteorologia e a Casa da Montanha, de modo a adequar a disponibilidade de acessos com os horários e estado do tempo para cada dia, pois, de um dia para o outro, tudo poderá alterar-se e as condições de subida e de visibilidade alteram-se de forma bastante significativa. É fundamental esta flexibilidade!
Na Casa da Montanha, é necessário realizar a admissão, antes de iniciar a subida, e confirmar o término do percurso, uma vez terminado o percurso.
4. Tipos de percurso
Subir e descer no mesmo dia
Subir de madrugada, enquanto as temperaturas não são altas, dá bastante tempo para fazer a percurso com calma e para passar algum tempo na Cratera, o que é bastante agradável. O ideal é iniciar pela madrugada (5h30/6h00) e seguir rápido pois o trilho é feito na sombra e só ao chegar à Cratera conseguirá ver o sol.
Em alternativa, pode iniciar até às 9h/9h30 —após esta hora apanhará o sol por cima da Montanha e com ele à frente, será sair do trilho.
Depois da Furna Abrigo, durante o percurso, na Cratera e no Piquinho não existem zonas de proteção, por isso é preciso estar devidamente acautelado para fazer face ao cansaço, calor, vento e/ou à chuva. Pode escolher a hora de regressar, desde tendo sempre presente: quais as horas de maior calor; a duração média da descida (3 a 4 horas); e ainda estar a par do horário em que o sol se põe, em função da altura do ano. Em regra, a descida é iniciada depois pelas 15h, quando as temperaturas começam a baixar.
Em qualquer destas opções, o esforço físico será muito exigente. Por isso:
- Mantenha um ritmo tranquilo e constante;
- Hidrate-se; e
- Faça alongamentos.
Tenha ainda em atenção que ao chegar à Cratera e ao Piquinho irá abrandar o ritmo, arrefecendo, tornando a descida possivelmente mais árdua.
Subir durante a tarde e pernoitar
Neste tipo de percurso, recomenda-se iniciar o percurso a meio da tarde (a partir das 15h, por exemplo) e procurar uma das zonas mais abrigadas da Cratera para passar a noite. Então, terá a oportunidade de explorar a Cratera, desfrutar do pôr do sol sobre a ilha do Faial, e, na madrugada seguinte, subir ao Piquinho e contemplar o nascer do sol, avistando a ilha de São Jorge, e, com boa visibilidade, as ilhas Graciosa e Terceira.
Nesta opção necessitará de levar mais algum equipamento e estará mais calor no início da subida e no final da descida. Não é permitida a subida a pessoas que não levem equipamento para pernoitar (tenda e saco cama). Existem zonas dentro da cratera onde o chão é de areia e é possível (e até confortável) montar a tenda. As temperaturas podem baixar até cerca dos 5 graus durante a noite nos meses de julho e agosto, por isso assegure-se que tem o equipamento e os mantimentos adequados para o tempo que irá passar na Montanha. Neste tipo de subida, a exigência física acaba por ser distribuída em dois dias.
Este é, sem dúvida, a nossa experiência preferida e a mais completa!
Acampar/pernoitar
É considerada pernoita na Cratera da Montanha do Pico, a subida que tiver o seu início entre as 16h00 e 24h00 de cada dia, no período entre 1 junho e 31 outubro, e entre as 14h00 e as 24h00 de cada dia, no período de 1 novembro a 31 de maio, e cuja descida termine depois das 8h00 do dia seguinte.
Nas pernoitas existem as seguintes limitações:
- Máximo de 32 visitantes por dia;
- Necessidade de reserva com um mínimo de 24 horas;
- Obrigatoriedade de tenda e saco cama;
- Não é possível acampar nem pernoitar mais do que um dia.
O ideal é procurar um local para instalar a tenda assim que chegue à Cratera, para depois ter tempo para explorar a zona sem se preocupar com ter um local abrigado ou com as horas de luz remanescentes.
Subir durante a noite e regressar de madrugada
O acesso também é possível, mas deve ser acompanhada por guia da montanha.
Subir no inverno com neve
A ascensão ao Pico com neve é possível, mas complicada de realizar, pois o tempo é muito instável e a neve não se mantém durante todo o ano. O acompanhamento por um guia de montanha é obrigatório, caso contrário poderá colocar a sua vida em risco.
5. O que levar?
É fundamental ter sempre em atenção a importância de não deixar na Montanha quaisquer resíduos orgânicos, plásticos ou de qualquer outra natureza. Cada visitante deve também interferir o mínimo possível no trilho e nas espécies vegetais ou animais que possa encontrar.
O que levar:
— Sapatos de caminhada ou botas de montanha (2.ª opção é preferencial - as unhas e os tornozelos vão mais tarde suspirar de alívio!);
— Roupa fresca para o percurso (t-shirt respirável);
— Roupa quente (camisolas polares/luvas/gorro), caso permaneça na Cratera muitas horas, e/ou se pernoitar;
— Fato/casaco impermeável e quente;
— Mochila com mantimentos (mínimo de 1,5 litros de água por pessoa, sandes, fruta, chocolates e barras energéticas) – se pernoitar, deve duplicar;
— Chapéu, óculos de sol e protetor solar;
— Máquina fotográfica;
— Lanterna (mesmo que não esteja nos planos chegar à noite);
— Bastão de caminhada e luvas (opcional, aqui serão os joelhos a mais tarde suspirar de alívio!);
— Sacos de plástico, para guardar o lixo que produz e para proteger pertences importantes;
— Saco cama (se pernoitar);
— Tenda (se pernoitar);
— Muita dose de energia e boa disposição!
6. Como chegar?
Partindo da Madalena, deve seguir para sudoeste em direção ao edifício dos CTT, percorrendo cerca de um quilómetro até chegar a um cruzamento, no qual deve virar à esquerda seguindo a sinalética indicando "Montanha". Seguindo por essa estrada, conhecida por Longitudinal, volvidos cerca de 12 quilómetros encontrará, à direita, uma estrada secundária pela qual deve seguir sempre em frente por mais cinco quilómetros. Quando encontrar, à direita, um edifício em pedra, chegou à Casa da Montanha. O GPS também não falha!
7. Casa da Montanha
Na Casa da Montanha:
— Realizam a admissão:
- Caso não tenham realizado o registo online, e em caso de disponibilidade;
- Caso tenham realizado o registo online, fazer a admissão, apresentando a documentação do registo online;
— Durante a admissão, será solicitado:
- Que indiquem uma previsão da hora de regresso à Casa da Montanha;
- O momento para o pagamento de taxas, caso não o tenham feito anteriormente;
— Durante a admissão, irão receber:
- Equipamento de comunicações e rastreio (GPS);
- Informações sobre a Montanha, incluindo um filme de segurança;
- Previsão meteorológica;
— No final do percurso, devem obrigatoriamente informar do respetivo término, devolvendo o equipamento entregue (se não devolver ou danificar o equipamento, terá de pagar uma indemnização de 300,00 €).
O equipamento de GPS tem boa cobertura, com exceção de algumas zonas da Cratera. Quando os visitantes não tenham chegado até algumas horas após a hora indicada, serão contactados pela Casa da Montanha por intermédio do dispositivo para confirmação da vossa localização e da vossa condição física e mental. No nosso caso, cerca de 20 minutos depois da hora que indicamos, e mesmo já estando perto, fomos prontamente contatados!
A Casa dispõe igualmente de casa de banho, de um bar (com pequenos snacks) e de um cacifo para visitantes.
O funcionamento da Casa da Montanha é o seguinte:
— De 1 de maio a 30 de setembro, durante todo o dia;
— De 1 a 31 de abril e de 1 a 31 de outubro, ininterruptamente das 8 horas de sexta-feira às 20 horas de domingo, e nos restantes dias, das 8 às 20 horas;
— De 1 de novembro a 31 de março, todos os dias das 8 às 18 horas.
8. Acesso ao trilho
A Montanha do Pico é um vulcão com 2351 metros de altura, sito na Reserva Natural da Montanha do Pico. Com início e fim na Casa da Montanha, iniciando a cerca de 1200 metros de altitude, o trilho (PR4PIC) consiste na subida até à Cratera, e desta até ao Piquinho (Pico Pequeno ou Topo da Montanha), num percurso de 3,8 quilómetros em cada direção, com um desnível de 1150 metros. O Piquinho é um cone de lava, erguido a 70 metros de altura, no centro da Cratera, onde se pode observar pequenas fumarolas. No mínimo, deve reservar um dia completo para o trilho. Este é o único trilho oficial, não sendo permitido entrar na Reserva Natural da Montanha por outros locais que não este.
Atualmente só são aceites 320 visitantes à Montanha por dia, e 160 visitantes, em simultâneo. No Pico Pequeno ou Piquinho são apenas permitidos 30 visitantes, em simultâneo, tendo sido estipulado um tempo máximo de permanência de 20 minutos.
9. Custos
Quanto aos custos da subida, existem guias de montanha autorizados, sendo que os preços que cada guia/empresa pratica são variáveis.
O acesso à Montanha do Pico está sujeito ao pagamento das seguintes taxas*, a pagar na Casa da Montanha:
— € 15,00 por cada visitante que efetue o percurso de forma autónoma;
— € 5,00 por cada visitante que efetue o percurso através de um serviço prestado por guia de montanha;
— € 5,00 por cada visitante que efetue o acesso à Furna Abrigo.
O acesso ao Piquinho está sujeito ao pagamento das seguintes taxas suplementares:
— € 10,00 por cada visitante que efetue o percurso de forma autónoma;
— € 5,00 por cada visitante que efetue o percurso através de um serviço prestado por guia de montanha;
A pernoita na Cratera da Montanha do Pico está sujeita ao pagamento de uma taxa suplementar de €10,00 por cada visitante que efetue o percurso de forma autónoma.
*As crianças até aos 6 anos de idade e os visitantes que sejam residentes na Região Autónoma dos Açores estão isentos do pagamento das taxas.
10. Duração
Quer a subida, quer a descida, têm uma duração média de cerca de três a quatro horas.
11. Subida
O percurso encontra-se marcado por 47 marcos em madeira (o último, no interior da Cratera), pintados a amarelo e vermelho, com cerca de 1 metro de altura, numerados sequencialmente.
Dicas e aspetos a ter em consideração:
— O trilho é relativamente longo e sinuoso, íngreme e escorregadio (sobretudo se estiver a chover ou se estiver molhado), o que torna o percurso num grande teste à resistência física individual. O nosso Viajante Ilustrador, na sua primeira subida, durante a noite, torceu um pé e o que lhe valeu foi o apoio dos guias, sobretudo no regresso!
— A distância entre cada marco não é uniforme, sendo mais espaçados até mais de meio do percurso e mais curtos no final, variando consoante a visibilidade e dificuldade do percurso. Em dias de boa visibilidade, a regra é de que em cada marco é sempre possível ver o seguinte. Porém, isso nem sempre acontece;
— O recurso às marcas no terreno (pegadas e/ou terra batida), aos anteriores marcos (de pedras empilhadas e/ou de cimento) e eventualmente a outros grupos, ajudam a não perder a orientação;
— Não se recomenda que os visitantes façam quaisquer marcações em pedra, pois interferem com o meio ambiente;
— É importante ainda ter em consideração que o terreno é diversificado (terra, rocha, gravilha e lama), e, embora se encontre vegetação rasteira na Montanha, esta nunca se vai encontrar no percurso. Caso verifique que está a pisar vegetação, significa que já não se encontra no trilho. Nesse caso, o melhor é fazer o percurso inverso até encontrar o trilho novamente;
— Em caso de nevoeiro, existe a possibilidade de perder a visibilidade dos marcos, pelo que deve redobrar a atenção. Sempre que passar por um marco registe a hora, e, caso não encontre outro nos 30 minutos seguintes, deve regressar ao marco anterior para não se afastar demasiado do trilho;
— Um erro que a maior parte das pessoas comete, por falta de experiência de montanha, e sobretudo por pensarem que pelo facto de estarmos numa ilha com clima temperado e em pleno Verão, as temperaturas lá em cima também são amenas. Por isso levam pouco equipamento para a pernoita. Com efeito, faz muito frio lá em cima, pelo que é fortemente recomendado que se leve sempre equipamento leve e quente;
— Mantenha‐se dentro do trilho e tenha o bom senso de regressar caso as condições atmosféricas se alterem. Coordene o seu esforço à sua condição física e o tempo de caminhada às horas de luz do dia;
— Deverá manter o localizador de GPS que lhe será fornecido sempre ligado e num local seco, mas que permita uma boa receção de sinal GPS e GSM. O localizador deverá estar num local de fácil acesso caso seja necessário contactá-lo.
12. Previsões meteorológicas
É muito importante que tenha atenção à previsão meteorológica, a fim de evitar situações desagradáveis como perder-se do trilho. Consulte sempre, na Casa da Montanha, as informações atualizadas e os conselhos dados pela equipa técnica.
Este é um dos trilhos de maior dificuldade em Portugal, por isso exige uma adequada condição física e as devidas precauções.
Divirta-se e disfrute!
Para mais informações, recomendamos a consulta dos seguintes documentos:
Regulamento de Acesso à Montanha do Pico em vigor, clique aqui
Normas de Conduta na Montanha do Pico em vigor, clique aqui
Windguru, consultar aqui.
Wikiloc, consultar aqui.
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