Quando o avião está prestes a aterrar, alguns passageiros (conscientemente ou não) pressionam as costas no assento ou apertam com mais força as mãos - comportamentos normais de quem não está no controlo e quer sentir-se mais seguro. Mas porque é que batemos palmas?

A razão é simples, sem muita ciência por detrás dela: os aplausos estão ligados diretamente ao receio de voar, seja ele muito ou pouco. Quando as rodas do avião tocam no chão, há um descomprimir dessa mesma tensão.

Esse alívio pode ser resultante de uma aterragem mais suave após um trajeto com mais turbulência, mas não existem dados que comprovem isso. Certo é que existe algum contágio neste comportamento, podendo ser provocado por passageiros menos frequentes e depois, por solidariedade, são seguidos numa corrente de entusiasmo.

Enquanto alguns especialistas acreditam que o gesto de bater palmas depois de uma aterragem pode não ser do agrado dos pilotos, uma vez que demonstra alguma falta de confiança em quem comanda o avião e/ou à não compreensão do quanto é seguro este meio de transporte, a Escola de Protocolo de Granada concluiu que se trata apenas de um “gesto de cortesia”.

“Da nossa parte, consideramos não só correto, mas apropriado o aplauso por parte dos passageiros aos pilotos e tripulação de cabine. Embora sendo uma prática que caiu em desuso, alguns reconhecem que é algo de que gostam”.

Adrián Ambrósio, piloto e autor do blog espanhol Aviador y piloto, é um desses profissionais que reconhece que é bom ouvir os aplausos, mesmo admitindo que raramente consegue ouvi-los devido à intransponibilidade das portas do cockpit - que estão sempre fechadas desde o 11 de setembro -, às quais se acrescenta o ruído dos motores.

"Às vezes, ouvimos alguma coisa, ou as assistentes de bordo contam-nos o que fizeram depois de desembarcar. De facto, há momentos em que eu gostaria de sair e saudar, mas o tempo é muito limitado e as tarefas impedem-nos de o fazer. Acho que é importante os pilotos comunicarem-se com os passageiros, ouvirem nossa voz, saberem o que estamos a fazer… e os aplausos são uma forma de retribuir”, contou o piloto, em declarações à revista Condé Nast Traveler.

Porém, e como forma de alerta, Ambrósio explica que esse sentimento de descompressão origina outros comportamentos não adequados, como o desapertar o cinto com o avião em andamento, os passageiros levantarem-se antes do tempo e recolherem as malas das bagageiras…

"Na minha opinião, para além dos aplausos, agradecer a tripulação ao sair ou fazer um comentário também é muito positivo. Dá-nos ânimo e deixa-nos mais felizes”, conclui o aviador.