Camões, antes de ir para Ceuta, terá estado em Constância.
Na sua poesia fala no Tejo e no Zêzere. O degredo teria sido na Casa dos Arcos que fica mesmo em frente da confluência dos dois rios.
José Hermano Saraiva, por sua vez, estava convencido que foi nas masmorras do antigo castelo de Punhete. Era este o nome anterior de Constância.
As interpretações do passado são secundárias em função da atual relação que a auto-designada Vila Poema tem com Camões.
Como diz António Matias Coelho, presidente da Associação da Casa-Memória de Camões em Constância, nenhuma outra terra tem uma relação tão profunda com o autor dos Lusíadas. Isto é patente, por exemplo, no 10 de Junho.
Tal como referiu nas comemorações deste ano um professor universitário “Constância é a única terra que celebra Camões como poeta seu. As Pomonas Camonianas que fazemos aqui há mais de 25 anos são um testemunho dessa profunda ligação que a nossa comunidade tem à memoria de Camões”.
Esta relação foi impulsionada pela Associação cuja mentora foi Manuela de Azevedo a primeira mulher jornalista em Portugal. Os frutos desse trabalho fazem de Constância a mais camoniana vila portuguesa com três monumentos que vale a pena visitar.
Um é o monumento a Camões da autoria do mestre Lagoa Henriques. Camões jovem e ainda com os dois olhos porque a ter estado em Constância foi antes de ir para Ceuta, onde perdeu uma vista.
A estátua está próxima do miradouro para o rio Zêzere, junto a uma zona verde onde se pode caminhar junto ao rio.
Ao lado deste monumento fica um painel de azulejos com os caminhos de Camões pelo mundo e ao lado está a porta de entrada do Jardim Horto de Camões.
“É um monumento vivo. É uma homenagem a Camões através de plantas que cantou na lírica e na epopeia”. As plantas da lírica são as que nós conhecemos e que fazem parte do nosso meio ambiente. As da epopeia são sobretudo plantas exóticas, orientais.
Podemos ver, entre outras, a pimenta, cânfora e canela. No jardim, há ainda outros objectos alusivos à vida de Camões e à sua poesia como por exemplo outra estátua do mestre Lagoa Henriques.
É a Ilha dos Amores. Faz ainda parte um jardim de Macau e a maior esfera armilar feita em Portugal, um formato igual ao da bandeira nacional.
Por último, a Casa dos Arcos, em frente ao Tejo. É a Casa-Memória Camões. “É um edifício novo”. Um projecto da Faculdade de Arquitetura de Lisboa. “Foi erguido sobre as ruínas de uma casa quinhentista que o povo diz que foi a casa onde Camões viveu. É uma tradição que passou de geração em geração de que Camões terá estado aqui.”
O edifício tem cinco pisos e está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983. Vai da beira rio até ao alto do casario, à rua Camões. O percurso pode ser feito pelas Escadinhas de Tem-te Bem.
O grande objectivo da Associação é guarnecer a casa com conteúdos para visitação. Algo que ainda merece maior justificação porque “não nos parece fazer muito sentido que o nosso maior poeta não tenha a Casa Camões. Há de outros, mas de Camões não há e nós temo-la aqui em Constância."
"Uma casa nova e grande mas que está praticamente vazia porque não tem conteúdos”. Este é um dos objectivos que a Associação procura alcançar de modo a “afirmar Constância como o grande centro camoniano em Portugal.”
Constância a Vila Poema de Camões faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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