Dizem que se assemelha às praias das Caraíbas ou até da Tailândia, talvez pelas cores de azul e verde que brilham, intensas, no meio do arvoredo do alto da encosta. Uma coisa é certa: a praia do Ribeiro do Cavalo, no concelho de Sesimbra, a cerca de 40 quilómetros de Lisboa, é um dos segredos mais bem guardados do nosso país. E por ser segredo ou por ser pouco acessível, guarda uma aura de silêncio cativante e uma sensação única de proximidade com a natureza. É uma praia pura, exótica e selvagem.
Para a descobrir, é preciso ter algum espírito de aventura, uma mochila com tudo o que é necessário para passar o dia, já que por ali não há bares ou salva-vidas, e um calçado confortável, próprio para caminhadas. Caminhar de chinelos não é uma boa ideia, já que, em alguns locais, é preciso escalar a rocha. Mas é precisamente esta dificuldade que nos dá ainda mais vontade de descer até ao areal.
Antes disso, é preciso encontrar o trilho certo. No lado poente da vila de Sesimbra, está a doca e o porto de abrigo. Depois do parque de estacionamento, junto ao clube naval, existe uma estrada de terra batida do lado direito. É esse o caminho que nos leva pela serra até um local onde se encontram vários pedregulhos enormes. Alguns carros estacionados indicam-nos que é aqui que também devemos deixar o automóvel.
Agora, estamos a cerca de 15-20 minutos a pé do paraíso. O caminho, com a serra do lado direito e uma pedreira, e o mar, do lado esquerdo, está identificado em alguns sítios com linhas verdes nas rochas. A descida é íngreme e um pouco perigosa, mas o cenário envolvente serve de incentivo. A vista é de cortar a respiração e a vontade de chegar à praia é enorme.
O esforço é compensado mal se percebe a beleza que os nossos olhos vislumbram. Apenas areal, mar tranquilo e límpido e rochas com formatos curiosos, uma delas parece a cabeça de um cavalo, daí a origem do nome da praia. Há poucas pessoas e os telemóveis não têm rede, pelo que sobra um imenso silêncio, apenas interrompido pelo chilrear dos pássaros e pelas pequenas ondas, que dançam ao sabor da brisa fresca.
Apetece entrar neste azul profundo, que vai mudando de intensidade conforme a luz do sol. E é aqui, só neste ponto, que a praia merece uma nota mais baixa, já que a água é fria. Ainda assim, e depois do esforço para encontrar a praia, a temperatura do mar é um pormenor que não fica na memória. Guardamos a aventura, a natureza, que se mostra com todo o seu esplendor, e o quadro idílico, que parece ter sido primorosamente pintado, para ser admirado.
Por Helena Simão, blogger do Starting Today
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