A ponte tem cerca de uma centena de metros e dava seguimento a uma estrada romana onde ainda podemos caminhar.
As pedras largas, com formas irregulares e muito polidas, fazem agora parte de percursos pedestres.
“Há muita gente que caminha pela estrada romana. Vão até Vila Soeiro.
No verão, costumam fazer caminhadas de manhã e vão até ao rio. Com os passadiços há muita gente que faz os caminhos mais antigos.”
Pedro Pinto tem uma boa noção do movimento, porque trabalha num bar, mesmo numa das entradas da ponte.
O seu dia-a-dia é acompanhado pelo ecoar do rio Mondego a passar por debaixo da ponte de pedra, com três arcos.
Numa das margens, há algumas casas de pedra e até quem aproveite um dos arcos da ponte para estender roupa.
Apesar de este ano o caudal do rio Mondego ser fraco, pelo menos na altura em que lá estive, a corrente era forte, em particular nos declives depois de passar a ponte. O som da queda ecoava em toda esta zona.
Antes de chegarmos ao vale, no alto da encosta, pouco depois da barragem do Caldeirão, há um miradouro. Aqui temos uma visão de conjunto, das pequenas povoações a decorar a serra e a paisagem é apenas acompanhada pelo som do vento e do rio Mondego.
Foi aqui que encontrei Tiago Pina. Costuma passar uns dias na terra dos pais, em Pêro Soares, e na lista de lugares a visitar, a ponte é uma das atrações, como também a cascata e temos agora os passadiços. "Há ainda o rio aonde vai muita gente no verão, inclusive, emigrantes.”
A cascata fica logo após a barragem e agora pode ser observada dos passadiços do Mondego. “Antes o caminho era por uma ribeira. Era um caminho antigo. Nem toda a gente lá podia ir. Agora, com os passadiços, consegue lá ir.”
Exige-se apenas algum esforço no regresso para subir centenas de degraus do passadiço que é uma construção recente. Mas vale a pena, em particular na época das chuvas. A cascata é muito alta e, no trilho, há ainda mais algumas quedas de água que se podem observar.
Um dos pontos de acesso aos passadiços, a serpente de madeira que sobe a serra, era pelo caminho antigo. Passa ao lado das ruínas de uma fábrica que está à beira rio.
Logo depois, entramos num vale profundo onde alguns poços do rio Mondego são aproveitados no verão para os visitantes se refrescarem.
O lugar é um refúgio, isolado. Apenas o passadiço de madeira marca uma recente intervenção humana, como também um baloiço suspenso numa árvore acima da corrente do rio.
Alguns dos caminhos assinalam passos antigos da agricultura que tem agora um peso muito reduzido na atividade local.
O ritmo do presente assemelha-se ao movimento de carros na ponte. “Só dá para passar um carro. Se algum já está na ponte, o outro espera.” No entanto, segundo antecipa Pedro Pinto, o ritmo vai ser outro: “vem muita gente para ver os passadiços. O que está a dar aqui na Guarda são os passadiços”.
O trilho dos passadiços é uma iniciativa do municipio da Guarda, tem uma extensão de 11 quilómetros até Videmonte e aguarda ser inaugurado. No entanto, são muitas as pessoas que aproveitam já a oportunidade para caminhar em algumas partes da estrutura de madeira.
Ponte Mizarela a ligação entre aldeias da serra da Estrela, cascatas, poços e passadiços do Mondego faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, tem o apoio do Turismo do Centro e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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