Provavelmente é o sinal de que permanece uma marca e que é profunda e dramática.
Nas palavras de António Pedro Pita, director científico do Museu do Neo-realismo, as pessoas vêm-se como elementos das histórias que ali se contam. São histórias dramáticas e que tocam muito as pessoas.
Quando se lê uma carta de Carlos Drummond de Andrade a Carlos de Oliveira a enaltecer as qualidades do autor de Uma Abelha na Chuva, percebemos rapidamente que estamos perante figuras maiores da artes em Portugal e que tiveram uma forte influência nas gerações seguintes.
Desenvolveram a sua actividade em condições muito adversas e estiveram mais activos entre os anos 30 e 60 do século passado e a arte era uma forma de agir, de fazer com que a sociedade se modificasse.
No entanto, o rigor que exigiam no afirmar das consciências era maior ainda na qualidade do seu trabalho. Nas figuras mais relevantes do neo-realismo o grau de exigência que eles próprios colocam no seu trabalho era muito elevado.
O Museu fica na terra natal de Alves Redol, um outro escritor marcante da literatura portuguesa e do neo-realismo.
Foi por ele o ponto de partida do acervo actual. O projecto começou como Centro de Documentação mas rapidamente aumentou o seu acervo com vários espólios literários e artísticos.
O Museu ganhou nova dimensão e beleza com o edifício do arquitecto Alcino Soutinho que foi inaugurado fez agora, em Outubro, 10 anos.
Fica no centro de Vila Franca de Xira e funciona também como centro de investigação e biblioteca.
Na opinião de António Pedro Pita, o acervo é muito rico, há ainda muito trabalho de investigação e que se irá reflectir em futuras exposições.
A programação das várias atividades não é apenas sobre o neo-realismo. Há um dialogo permanente com outras correntes literárias e de artes plásticas.
A colecção permanente intitula-se Batalha pelo Conteúdo – movimento neo-realista português.
Nesta exposição percorremos várias formas de expressão do neo-realismo, o contexto histórico e cultural em que se desenvolveu e o legado que deixaram.
O espaço mostra originais, algumas primeiras edições, manuscritos e artes plásticas em que se destaca um desenho de Júlio Pomar de 1946 numa parede ao longo de dois pisos.
Todo o ambiente é coerente com o tema do museu.
A arquitectura aberta e formal no interior, o predomínio do vermelho e preto, as vozes do cinema, do teatro e da música, as revoluções que estão no percurso como pontos de partida e de chegada e os rostos de criadores que sentimos fazerem parte das nossas vidas.
A conclusão é unívoca: temos de os redescobrir.
O drama neo-realista em Vila Franca faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, O drama neo-realista em Vila Franca, pode ouvir aqui
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