Colecionar bancos de jardim soa a algo meio estapafúrdio, mas a verdade é que já parto para qualquer viagem ou passeio com a expetativa de descobrir como é que esse lugar convida os seus visitantes a sentarem-se e a apreciarem a paisagem ou envolvência. E não é algo assim tão frívolo quanto possa parecer. Os bancos de jardim (e seus congéneres) geralmente são bons indicadores da forma como o espaço público é pensado e valorizado numa comunidade. Se, ainda por cima, forem confortáveis e originais, então é garantido que encontrarão um lugar na minha coleção.
Estes são 10 dos bancos que mais se destacam na minha memória em 2024.
O mais enigmático
Não é só a neblina matinal desta manhã na Figueira da Foz a contribuir para o enigma deste banco. Achei curiosa a ideia de encaixar o banco num pequeno muro que também já pode servir de assento. Um banco sem encosto simplesmente não é a mesma coisa, e alguém na Figueira da Foz parece ter concordado.
O mais solarengo
Quem disse que os bancos de jardim são só para as pessoas?
O mais rijo
Ainda no Parque Florestal de Monsanto, o lugar onde mais caminhei este ano, um banco de jardim sobreviveu incólume à queda anunciada de um cipreste-comum nas imediações. O pulmão lisboeta tem vindo a perder os seus bancos de madeira para o tempo e vandalismo, mas é bom ver que alguns ainda resistem.
O mais bonito
Não há dúvidas aqui. Quem chega à estação ferroviária do Pinhão encontra um dos mais trabalhados e bem conservados bancos de jardim que ainda se mantém, possivelmente, em toda a rede ferroviária nacional.
Com a melhor vista
Não são por aí além confortáveis, mas estes bancos à sombra dos plátanos do Parque Termal das Caldas do Moledo, no concelho da Peso da Régua, gozam de uma das vistas mais bonitas para o Alto Douro. Quando visitei o parque, em abril, não havia muito mais para ver ou fazer do que passar ali alguns momentos a apreciar a paisagem na companhia de um livro.
O mais oxidado
Não é todos os dias que encontramos um banco que nos pede para não nos sentarmos nele por estar em "processo de oxidação". Aconteceu em setembro, nos primeiros dias do novo jardim a sul da Fundação Calouste Gulbenkian, que abriu aos lisboetas um novo, e bonito, espaço para escapar momentaneamente às complicações da vida urbana. Quanto aos bancos, uma vez oxidados, só resta a desilusão por não oferecerem encosto.
O mais escondido
Em dezembro, dei por mim a passar pelas ruas da pequena e deserta aldeia de Chãos, na Guarda, onde avistei este banco improvisado à porta de uma habitação, perfeitamente posicionado para apanhar os primeiros raios de sol da manhã.
O menos contemplativo
Ainda no concelho da Guarda, achei curiosos estes dois bancos virados de costas para o elemento mais significativo da paisagem em redor da povoação de Mizarela: os Passadiços do Mondego. Possivelmente, uma mensagem sobre o que interessa a quem ali vive?
O mais outonal
Um banco à sombra de uma ginkgo biloba (ou nogueira-do-japão) nunca passa despercebido, sobretudo em dezembro, quando a árvore decide despir-se das suas outonais folhas douradas.
O que mais quer fazer parte da paisagem
Não são dos mais ergonómicos bancos na costa alentejana (na realidade, nem parecem propriamente "autorizados" para ali estarem), mas estes pequenos e toscos bancos de betão em Porto Covo não deixam, mesmo assim, de cumprir a sua função.
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