É tão linda que levei imenso tempo a subir a curta distância que vai da aldeia até ao castelo porque a cada passo tinha de parar para tirar uma fotografia. Mesmo assim acho que as fotos não conseguem fazer justiça à beleza deste lugar.
Este é um local muito antigo, com registo de presença humana desde o Paleolítico. Vestígios arqueológicos dão conta de um castro lusitano (ruínas ou restos arqueológicos de um tipo de povoado da Idade do Cobre e da Idade do Ferro característico das montanhas do noroeste da Península Ibérica) e de villas e termas romanas no campo de S. Lourenço, que fica no sopé do monte.
Conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, em 1165, e doada à Ordem dos Templários, que ali edificaram o castelo sob as ordens de D. Gualdim Pais, Monsanto faz parte das doze Aldeias Históricas oficiais de Portugal, por ter desempenhado um papel estratégico na defesa do país face aos vários invasores que ao longo dos séculos tentaram a sua sorte.
Imagino como seria difícil conquistar esta aldeia. A conjugação das suas defesas naturais com aquelas que entretanto foram sendo construídas pelo homem transformaram Monsanto numa fortaleza inexpugnável.
Ainda antes de entrar na aldeia podemos apreciar a bela vista proporcionada pelo baluarte (que hoje funciona como parque de estacionamento).
Um pouco mais adiante, encontramos a Igreja Matriz, provavelmente construída no século XV, foi reformada durante o século XVIII, mas mantém o portal românico na sua fachada. No seu interior podemos admirar imagens e altares muito bonitos, em especial o altar-mor, bem trabalhado em talha dourada.
Do património histórico da aldeia fazem ainda parte o Pelourinho, a Antiga Capela do Socorro, a Porta de Santo António, a Capela de Santo António, a Igreja da Misericórdia e a Torre do Relógio que tem no cimo a Réplica do Galo de prata - símbolo do título de Aldeia Mais Portuguesa de Portugal que foi atribuído a Monsanto em 1938.
Já no caminho para o Castelo encontramos primeiro a Fonte do Ferreiro, onde um pequeno azulejo nos informa que “A água desta nascente matou a sede a obscuros heróis”; depois descobrimos uma interessante Gruta e junto do Forno Comunitário há um miradouro natural da campina e do casario de Monsanto que se estende pela encosta. Outro destaque é a "Casa de Uma Só Telha", cuja particularidade é ter uma cobertura de rocha granítica.
O castelo de Monsanto hoje está, em grande parte, em ruínas, mas as suas duas portas - a Porta da Traição e a Principal - ainda são visíveis.
No interior da muralha do Castelo, encontramos a Cisterna, a Torre de Menagem, a Casa dos Governadores e a Igreja de Santa Maria. Esta igreja, no mês de maio, é palco da Festa de Santa Cruz realizada em memória de um cerco a que a povoação resistiu.
Conta-se que nesta ocasião Monsanto estava sitiada há mais de um ano e só sobrava, para a população comer, um último saco de grãos de trigo e um bezerro. Sabendo que estavam à beira da rendição, o líder da aldeia decidiu então dar todos os grãos ao bezerro e depois atirá-lo encosta abaixo, enganando o invasor que levantou o cerco por pensar que ainda existiam víveres em abundância no interior do castelo.
No lado de fora da muralha encontramos a Capela de São João, da qual resta apenas um arco, e a Capela de São Miguel, construção do século XII/XIII, de características românicas.
Quando voltamos a descer pela Rua de Santa Maria do Castelo podemos ainda ver, perto do Chafariz do Meio, na Rua Fernando Namora, a casa onde este famoso médico e escritor exerceu medicina.
Monsanto é, realmente, uma aldeia extraordinária e um passeio por estes lados é uma experiência inesquecível.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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