A Achada do Gamo fica a pouca distância da aldeia de São Domingos. Há quem visite apenas as minas e fica a perder um dos espaços mais fascinantes.
Se tiver possibilidades faça a visita ao pôr do sol. É muito maior o encantamento da paisagem fortemente moldada pelo homem.
Na Achada do Gamo existiam fábricas de enxofre para onde uma linha de caminho de ferro levava minério.
Primeiro o enxofre era libertado na atmosfera.
A partir da década de 40 passou a ser aproveitado e as fábricas ainda estão na memória de José Teixeira, conhecido em São Domingos por Zeca Teixeira. “Era ali tirado o enxofre do minério. O outro minério era aproveitado e transportado para o cais do Pomarão. O enxofre era todo para a CUF.”
É um amplo espaço aberto onde se destacam duas torres que estão em ameaça de derrocada. Uma delas até tem suspenso um enorme pedaço de cimento.
A forma das construções, que se elevam na encosta e com orifícios grandes na parte superior, levam-nos a imaginar dois enorme vigilantes que resistem à erosão do tempo e da poluição. É um espaço cénico que exerce sobre os visitantes um enorme fascínio e é frequente a visita de comunicação social internacional.
O cenário já foi utilizado para filmes comerciais e é recorrente em álbuns de fotografia de arqueologia industrial. Muita gente aproxima-se das torres e segue até ao alto da encosta, próximo de uma chaminé de um forno onde se tem uma vista de conjunto.
Observa-se um lago artificial, algumas casas em ruína, escombros do caminho de ferro e o terreno repleto de pedras.
No caminho de São Domingos para a Achada do Gamo, foram construídos canais por onde seguem águas de cores intensas, vermelhas e acastanhadas. Resultam da intervenção ambiental que está a requalificar as escombreiras e as minas.
A própria corta da mina está coberta de água de cor azul metalizado. É uma enorme cratera na terra avermelhada. A exploração mineira era a céu aberto e já existia desde os romanos que extraiam cobre e prata.
No passado recente, em mais um século de exploração, foram extraídos 25 milhões de toneladas de minério! A rede de galerias e poços chegou aos 420 metros de profundidade. As minas de São Domingos encerraram em 1966 e chegaram a ter um trabalho continuo para mais de mil pessoas. O bairro mineiro e a aldeia são vizinhos da mina, onde ainda resistem algumas construções.
Uma delas, muito grande, com uma torre, era a central eléctrica. A torre quebrou e alberga um ninho de cegonha. Antes era muito mais alta. A central eléctrica foi a primeira a ser construída no Alentejo.
Algumas dezenas de metros ao lado restam paredes das oficinas e do cais onde era descarregado o minério. São estruturas fantasma, com paredes grossas e portadas largas que teimam em resistir ao vento e à chuva e são refúgio de aves e arbustos.
Partilham o cenário com o malacate número seis que drenava as águas na mina. A estrutura metálica e de madeira mantém as duas rodas mas revela que já perdeu a força. Em muitos lugares o terreno é árido, revolto em pedras avermelhadas. A vegetação rasteira alterna com pedaços de madeira, cimento, tijolos ou ferro.
A visitação pode ser feita através de várias estruturas de apoio como, por exemplo, a Rota do Minério que passa por 12 pontos de interesse. Parte do percurso circular acompanha a antiga linha férrea. Tem 14 quilómetros de distância, o trajeto está sinalizado e junta as rotas do contrabando.
No trajeto entre a aldeia e a Achada do Gamo é frequente encontrar muita gente de bicicleta.
Nos dias de calor, vá preparado para um mergulho na praia fluvial da Tapada Grande que aproveita a água de uma albufeira que abastecia a mina. É muito bonita e fica mesmo ao lado dos caminhos para a mina.
A deslumbrante Achada do Gamo nas minas de S. Domingos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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