Quem é celebrado nas ruas europeias? Aparentemente, os mesmos de sempre: "homens brancos que foram ricos, influentes ou ambos", lê-se no Mapping Diversity. O projeto europeu de jornalismo de dados analisou os nomes das ruas de 30 grandes cidades europeias e compilou os dados resultantes numa plataforma em linha, consultável a partir de hoje.
O estudo baseou-se na análise de 30 cidades de 17 países europeus diferentes, a partir de uma base de dados com mais de 52 mil ruas com nomes de pessoas, dos quais apenas 9% são mulheres. Para os responsáveis pela análise estatística, "é um lembrete subtil, mas importante, de quem a nossa sociedade valoriza, ou valorizou no passado, e de quem não valoriza".
Lisboa é a única cidade portuguesa analisada e tem 1952 ruas dedicadas a pessoas, das quais apenas 207 são mulheres (10,6%). Comparativamente a outras cidades, podia fazer muito pior: em Praga, apenas 4,3% das ruas são dedicadas a mulheres. A cidade que melhor sai na fotografia é Estocolmo, com 19,5%.
Entre as conclusões e curiosidades do projeto, a capital portuguesa aparece ainda na lista dos sítios onde nasceram as 100 figuras mais populares nos nomes das ruas das capitais europeias, graças a um homem: Santo António.
Quem são as mulheres mais celebradas nas ruas europeias?
O estudo identificou 2791 mulheres cujo nome foi associado a pelo menos uma rua das 30 cidades analisadas. A Virgem Maria é o nome mais frequente (365 ruas), em 25 das 30 cidades. Depois de São Paulo e de Beethoven, é a terceira pessoa mais popular nos nomes das ruas das capitais europeias. Num distante segundo lugar, aparece outro nome da tradição católica: Santa Ana (mãe da Virgem Maria). No ranking feminino, só depois surge um nome da modernidade, a cientista Marie Curie, que foi a primeira mulher a ganhar um Prémio Nobel (sendo que viria a ganhar dois ao longo da sua prodigiosa carreira). Existem pelo menos 24 ruas na Europa com o seu nome.
As figuras religiosas dominam a tabela das mulheres mais celebradas nas ruas europeias, mas mais de metade das ruas honra personalidades femininas com contributos significativos nas áreas da cultura, arte e ciência. Um dado reforçado pela constatação de que a maioria das mulheres é escritora por profissão.
Em Lisboa, 47,3% das personalidades identificadas está ligada à cultura, seguida da política (11,6%) e religião (2,4%).
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