O património natural de Loriga é fantástico e tem recantos de extrema beleza. Em qualquer altura do ano. O Vale Glaciar, a praia fluvial e o vale das ribeiras são locais que apaixonam os amantes da natureza.

Mas comecemos pelo património socio-cultural de uma terra que foi um dos principais pólos industriais da Beira. No último Censos, em 2011, Loriga tinha 1053 habitantes. Em meados do século passado tinha três mil. Ainda na explicação deste casal, que se mudou para a Loriga, a vila conserva ainda estes habitantes porque consegue manter alguns equipamentos sociais e atrai gente da região.

"Tem praia fluvial, transportes, restaurantes. Foi pena terem fechado a escola". Os alunos foram transferidos para Seia.

Loriga teve grande  tradição nos lanifícios. Nas memórias de Alberto Marques "havia muitas fábricas e pessoas que iam para a serra explorar volfrâmio. Nesse tempo era rica Loriga".

A pastorícia e a abundância de água permitiu o florescimento, a partir do século XIX, de uma forte indústria de lanifícios. "Ainda há algumas dessas fábricas de lanifícios. Antigamente trabalhavam fazendas muito bonitas", diz Alberto Marques.

Loriga
créditos: Who rips

Muitas das fábricas estavam junto a uma das duas ribeiras, a de S. Bento, que se juntam num vale muito bonito. É um dos lugares mais espectaculares de beleza natural.

As ribeiras, pontes, rebanhos de ovelhas bordaleiras e algumas palheiras – pequenas casas de xisto que tinham uma função agrícola. As encostas têm socalcos feitos pelo homem para a agricultura.

Loriga
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A acompanhar a ribeira há ainda moinhos de água e depois o cenário fecha-se entre a Penha dos Abutres e a Penha dos Gatos. As duas elevações a cerca de 1.800 metros de altitude protegem a vila e formam o Vale Glaciar da Loriga com sete quilómetros de extensão. Um espaço rude, belo, selvagem e berço da Ribeira de Loriga.

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Todos estes elementos naturais moldam, de certa forma, uma outra cena marcante de Loriga: a praia fluvial. Tem diversos equipamentos, está junto à estrada nacional e é inolvidável. A água cristalina corre pela encosta e formam-se pequenas lagoas.

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No Inverno, ouve-se a fúria selvagem das quedas. No Verão, é o prazer da água cristalina e fresca. Estamos a 800 metros de altitude e num vale glaciar.

Há vários percurso pedestres. Levam-nos às penhas que têm vistas magnificas. Na Penha dos Abutres há ainda as quedas de água que chamam os Bicarões.

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Nas muitas tradições locais, associadas ao universo da Serra da Estrela, uma das mais singulares é Ementa das Almas. Realiza-se na Páscoa, na noite de Sábado para Domingo a partir das duas da manhã. Vários homens ecoam ladainhas evocando as almas dos que morreram. As quadras são acompanhada de música e a função é acordar os que dormem para rezarem. E na Beira as tradições são levadas a sério.

Jardim do Éden de Loriga faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.