Fotografia por André Farinha

O jovem surfista e cantor lírico João Kopke é levado ao limite no Experiências.pt, o programa de viagens em Portugal que estreia esta noite no canal Casa e Cozinha. Foi o próprio que o admitiu, no questionário da nossa rubrica Viajante do Mês, no qual nos contou como superou o momento mais assustador das filmagens dos 19 episódios. Quisemos saber mais sobre a sua experiência nesta nova aventura televisiva.

SAPO Viagens: Em 2020, com as viagens mais limitadas por causa da pandemia, decidiste percorrer o país de uma ponta à outra de bicicleta. Agora, voltas a cruzar Portugal à procura de nova experiências. Como viajante, que diferenças notas entre estes dois anos?

João Kopke: Por um lado, no verão de 2020, acho que as pessoas sentiram que foi a primeira ocasião em que deu para fazer alguma coisa, e nós fomos à procura dessas algumas coisas com o “De Norte a Sal”. Aquilo que tínhamos dado como garantido desde sempre afinal não era assim tão garantido: a nossa liberdade, a nossa capacidade de explorar, de andar por aí. Ou seja, muitos começaram a dar um valor maior ao que nós temos aqui e a descobrir que Portugal é um país estupidamente rico para a dimensão que tem. É um país cheio de coisas.

Este ano acho que isso ainda está a sentir-se. Não tenho a menor dúvida de que as pessoas ainda não deixaram de dar valor a isso. O que acontece também é que as pessoas que nós conhecemos vão voltando a estar alegres, a estar felizes, a ter um pouco menos de preocupação, não temos tantas conversas sobre o que lá vem. Em 2020, o que eu mais senti nessa viagem por Portugal de bicicleta, é que havia uma preocupação gigante em todas as conversas. Agora, existe a preocupação de sempre, mas também muita felicidade.

Trailer do Experiências.pt

Para alguém habituado a planear as suas próprias viagens e a acumular papéis na produção em vídeo, como foi a experiência de protagonizar um programa apoiado por uma equipa mais vasta?

Estou muito habituado a produzir para televisão, para os aviões da TAP, para a Sport TV, para a TVI 24, entre outros. Mas a verdade é que acumulava todos os papéis, desde corealizar, coproduzir, a nível operacional, a saber o que íamos fazer; era quase tudo menos agarrar na câmara, e claro, ser o “palhaço” à frente da câmara também.

Neste caso, sou só o apresentador e o fazedor de coisas e vou dizer que é um relaxe enorme. É completamente diferente de estar do lado da pesquisa. Agora, eu não consigo não estar transversalmente envolvido. Então, quando a pesquisa é feita, e quando me são passadas as ideias e os locais que vamos visitar, faço sempre uma pesquisa à parte da que é feita pela produção, porque gosto de saber um bocadinho mais, e gosto de ver se há algum ângulo que eu possa explorar mais. E dão-me toda essa liberdade. Ou seja, está a existir um trabalho de parceria muito grande entre mim e a produtora, a MauMau Mia. Não há essa distinção, somos todos uma equipa. Da mesma maneira que eu aprecio o trabalho deles e que me torna tudo mais leve, eles também apreciam o meu, no sentido em que também sou um bocadinho idiota e gosto de pensar para onde as coisas vão. Sempre que tenho uma sugestão ela é super bem recebida.

Temo-nos tornado todos amigos e isso faz toda a diferença na gravação dos programas. Porque acaba por ser um bebé de todos nós e não algo em que eu sou um pivô e estou a ser um apresentador. São programas de experiências reais, não estamos aqui apenas a gravar um programa, estamos aqui a viver uma aventura do tamanho de Portugal e é um trabalho de todos nós.

Uma lição da tua carreira profissional até aqui que tenha sido especialmente útil ou valiosa para o Experiências.pt?

O ano passado produzi uma série para a TVI24 que se chamava “Mostra-me o teu mar”, e que no fundo era uma entrevista a pessoas que faziam coisas interessantes à volta do mar. Nessas conversas, mais do que elas estarem ligadas ao mar, a minha principal curiosidade era entender o que as motivava a fazer aquilo que faziam. Era a resposta que eu esperava mais ouvir e que se não fosse respondida diretamente, de uma forma intensa e sensível e verdadeira, eu tentava dar a volta a essa pergunta de forma a que a pessoa entendesse que eu queria realmente entrar na motivação dela e senti-la também.

Neste programa estamos a gravar muitas pessoas, gravamos muitas interações com gente muito diferente e que aparentemente nada têm em comum. Mas esta questão do amor pelo que se faz (e neste sentido a MauMau Mia tenta sempre encontrar pessoas que fazem coisas algo inusitadas, quer porque é algo cheio de aventura ou é muito tradicional, ou porque é um amor de família), algo que torna o que a pessoa faz de especial, essa valência de entender o que a pessoa é para descobrir porque faz o que faz foi uma aprendizagem muito grande para mim no ano passado e que é sempre muito útil para conversar com pessoas porque conseguimos atingir níveis de profundidade e respostas verdadeiras, e que são as respostas que importam. O que deixa uma pessoa realizada e feliz quando ela faz o que faz, porque gasta a maior parte do seu tempo de vida nisso. Essa valência de tentar encontrar quem é a pessoa é por trás daquilo que ela faz. Acho que é essa uma das maiores aprendizagens que eu obtive enquanto entrevistador e contador de histórias.

Podem assistir ao Experiências.pt no canal Casa e Cozinha, onde um novo episódio é transmitido à sexta-feira, pelas 21h30.