São mais de 20 obras de arte pública que estão no centro da cidade e que se espalham até à Ria e Avanca, terra natal de Egas Moniz e onde dois brasileiros evocam num mural o português que foi Prémio Nobel da Medicina.
O percurso dos murais e instalações começa na saída da estação de comboios e vamos deparar com o retrato de Vhils da Dona Florinda.
É uma das poucas pessoas que ainda cultiva o arroz de forma tradicional no baixo Vouga. Segundo Isabel Simões Pinto, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Estarreja, procura-se com o mural chamar a atenção para a necessidade de se preservar esta prática do cultivo do arroz que foi muito relevante nesta região.
Segue-se um trabalho da fotógrafa Camila Watson que reside em Portugal há 10 anos. Esteve numa residência artística e também trabalhou o tema do cultivo e a descasca do arroz. Há nas proximidades uma fábrica que vai ser transformada em museu e o trabalho da fotógrafa inglesa incide nos testemunhos ainda vivos da laboração da fábrica.
Estes dois trabalhos, a par de muitos outros, estão relacionados com a cultura, as pessoas e o património paisagístico do concelho de Estarreja.
A Câmara Municipal ao promover o ESTAU, o Festival Estarreja Arte Urbana, pretende que exista um profundo diálogo entre os artistas e a realidade local.
O ESTAU teve em setembro a segunda edição e esta característica de estar relacionado com o contexto local faz com que o legado continue a envolver de modo positivo a população do concelho.
A recetividade a estes eventos tem provocado uma forte paixão, quer dos artistas quer do público que tem assistido aos festivais.. Até surpreendeu a organização.
Os dois festivais têm promovido a criação de murais, instalações, workshops, filmes, palestras, visitas guiadas e música. Na edição deste ano marcaram presença Akacorleone (Portugal), Ana María (Porto Rico), Halfstudio (Portugal), Manolo Mesa (Espanha), Mohamed L’Ghacham (Marrocos), The Empty Belly (Portugal) e Vhils (Portugal) .
A organização também desafiou os idosos de Estarreja a participarem e a criarem o seu próprio mural.
Tudo começou com um outro evento. A Observaria que pretende divulgar o turismo de natureza e a observação de aves. Para este evento convidaram Bordalo II que criou um guarda-rios, uma ave muito frequente nesta região. A recetividade foi de tal forma positiva que decidiram aprofundar a relação entre a arte urbana e o património local. No ano seguinte, em 2016, já estava em execução a primeira edição do ESTAU.
As mais de 20 obras resultantes das duas edições são de visita livre. Pode também ser feita marcação prévia para se ter mais informação e o acompanhamento de um guia.
O formulário, a informação sobre o roteiro, título e localização das obras e artistas está disponível aqui. Folhetos com o mapa do roteiro podem ser solicitados no edifício da Câmara, Biblioteca ou Casa da Cultura, que se situam na Praça Francisco Barbosa.
Egas Moniz era um apaixonado pela arte. À porta da casa que habitou em Estarreja, ainda hoje podemos ler: as grandes escolas das Artes plásticas são os Museus. Quisera um em cada cidade, em cada vila e em cada aldeia para que o povo se elevasse na comunhão espiritual do Belo. Este é lema porque Estarreja quer ser um Museu de arte urbana a céu aberto.
Estarreja: o museu de arte urbana a céu aberto faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui. A emissão deste episódio, Estarreja: o museu de arte urbana a céu aberto, pode ouvir aqui.
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