A poetisa nasceu aqui em 8 de Dezembro de 1894 e foi também em Vila Viçosa que frequentou a escola primária.
A sua terra natal não a esqueceu e é evocada de várias formas o que permite fazer um roteiro que percorre alguns dos locais mais importantes de Vila Viçosa.
Talvez o que tem mais destaque é o busto que está no topo da enorme praça central. Está de costas para o castelo e de frente para a alameda. Ao lado está o cine-teatro que tem também o seu nome. Quando visitei este espaço estava uma coroa de flores que acrescentava vida ao lugar que é dominado pelo busto de mármore branco.
Florbela morreu a 8 de Dezembro de 1930 em Matosinhos, exatamente no mesmo dia do ano em que nasceu.
A data tem outra coincidência porque é no mesmo dia da celebração da Imaculada Conceição que tem em Vila Viçosa o seu santuário e que faz juntar muita gente. Todos anos algumas pessoas participam também na romagem ao busto da poetisa. A romagem é promovida pelo Grupo de Amigos de Vila Viçosa.
Foi também o Grupo que mandou fazer a campa de Florbela Espanca. É igualmente em mármore branco ornamentado e está na entrada do cemitério.
A Câmara Municipal promove também um prémio literário bienal como nome de Florbela Espanca. Por sua vez, o espólio de Florbela Espanca está à guarda do Grupo de Amigos de Vila Viçosa e pode ser consultado mediante autorização.
O roteiro termina na Rua Florbela Espanca onde está um café com o seu nome e também a casa onde viveu. É propriedade particular e está a necessitar de obras já que parece abandonada.
O colorido amarelo em voltas das portas, típico das casas alentejanas, não consegue disfarçar a aparência desgastada do prédio. Recentemente foi pintado um mural numa das paredes da casa, com o retrato de Florbela Espanca e a frase “É amar-te, assim, perdidamente…” para quem passa na sua rua.
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
In Sonetos
Aqui encontra uma síntese biográfica de Florbela Espanca e aqui um trabalho sobre a produção poética de Florbela do Instituto Camões.
É amar-te, assim, perdidamente faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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