Foi o que sucedeu no castelo. É um caso raro em todo o mundo com a estrutura circular e até tinha uma igreja nada modesta.
No entanto, o alto do monte de S. Pedro era agreste, ventoso e a população começou a viver fora da fortaleza. Ainda houve medidas de coação mas a vontade do vento empurrava os populares para o sopé do monte.
O castelo foi dado a Álvares Pereira e o despovoamento continuou. A erosão do tempo foi desgastando a construção e o terramoto de 1755 causou grandes estragos.
O centro do poder mudou-se entretanto para o meio da vila mas o castelo continua a dar nas vistas. Só isto.
Enquanto se vivia esta indefinição, as congregações religiosas adiavam a decisão sobre o local onde ía ser construída a igreja principal. Foi esta a razão porque a igreja da Misericórdia é de construção tardia, no séc. XVI. Está no actual centro histórico, próximo da praça principal
A igreja é de estilo barroco e tem a particularidade de as paredes terem enormes painéis de azulejos do séc. XVIII. Está classificada como Monumento de Interesse Público.
Alguns populares consideram que estes painéis são uma relíquia e contam histórias de estranhos tentarem roubar alguns azulejos, retirando-os da parede com uma navalha.
Uma história que deixou incrédulo o sacristão.
Verdadeira ou falsa, o que é certo é a beleza dos painéis de azulejos azuis e brancos.
Tal como sucede numa outra igreja de Arraiolos, no Convento dos Lóios, classificado como Imóvel de Interesse Público e que também tem as paredes revestidas com azulejos azuis e brancos.
Hoje o Convento dos Loios é uma pousada, fica num vale distante do centro histórico.
No meio do casario todo branco e com ruas estreitas, o centro político e administrativo é a praça do Município.
No Pelourinho do séc. XVI estavam sentados dois dos meus interlocutores, mesmo em frente do antigo Hospital Espírito Santo.
Hoje funciona aqui o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos.
Foi inaugurado em 2013 e visa dar a conhecer o tapete de Arraiolos e servir como centro de estudos e investigação desta actividade que é uma das marcas mais fortes do concelho.
O acervo permanente tem quatro colecções e o acesso é pago. É muito frequentado.
No Centro Interpretativo está um dos maiores tapetes de Arraiolos até agora produzido.
O tapete gigante tem 120 metros quadrados, pesa 240 kg e inspira-se numa peça do séc. XVII.
As duas últimas referências de Arraiolos são de cariz gastronómico: as empadas e os pastéis de toucinho. A fama das empadas tem razão de ser porque são muito boas. Os pastéis de toucinho já não merecem o meu aplauso porque os que me venderam estavam velhos e ressequidos.
Quem manda é o povo! faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Quem manda é o povo!, pode ouvir aqui.
Comentários