Ílhavo é uma terra dedicada ao mar e à vizinha Ria de Aveiro. A sua vocação marítima encontra expressão no Museu Marítimo.
O porto com os barcos da pesca na Terra Nova e Gronelândia está muito próximo, na Gafanha da Nazaré, e o ponto de partida do Museu é também a “Faina Maior”, a pesca do bacalhau.
A pesca à linha executada pelos portugueses e que foi transformada em lenda internacional, com o pescador solitário num bote (dóris) no meio do gélido oceano. Os portugueses tiveram a única frota internacional do bacalhau e que se destacava pela pesca à linha. Esta prática só terminou na década de 70 do século passado.
O historial está minuciosamente retratado no Museu Marítimo.
Estão em exposição muitos instrumentos, informação sobre o dia a dia dos pescadores e as técnicas de pesca e de conservação do pescado. São também salientadas as dificuldades e a necessária robustez física. Era uma atividade épica e dramática, cuja imagem o próprio Estado Novo promoveu.
A sala dedicada à “Faina Maior” é muito grande e o elemento central é um bacalhoeiro de madeira que tem no seu interior alguns botes. O Museu tem milhares de peças relativas à pesca do bacalhau e a coleção em exposição é uma das mais relevantes a nível internacional.
O Museu Marítimo de Ílhavo tem outras coleções permanentes.
Uma é dedicada à Ria de Aveiro com nove barcos de madeira em tamanho real. Barcos pequenos e outros com enormes mastros e velas como os moliceiros e saleiros. Podemos também ver como eram construídos e os símbolos de cada construtor.
Ao longo dos dois pisos há ainda uma coleção de arte e outra sobre a ligação ao mar dos portugueses, em geral, e das gentes de Ílhavo, em particular.
Numa das salas, sobre história natural, sente-se de imediato que estamos num lugar especial.
É a sala das conchas e das algas. É um dos lugares de maior encanto e deve-se à beleza das conchas e à forma como estão expostas. Muitas pertenceram a um colecionador francês que as ofereceu ao Museu em 1965. Outras estiveram na Expo98 e foram oferecidas pelo Oceanário de Lisboa ao Museu Marítimo.
Aquário dos bacalhaus
O espaço mais deslumbrante é, talvez, o aquário dos bacalhaus.
Podemos ver ao vivo os bacalhaus no segundo piso e depois vamos descendo, contornando o aquário, com a visão cada vez mais próxima dos peixes.
No auditório, a através de janelas grandes, vemos mais em detalhe os bacalhaus.
O aquário tem mais de três metros de altura, a temperatura da água oscila entre os 10 e 12 graus e a quase totalidade dos peixes são da espécie Gadus morhua, o bacalhau do Atlântico. A grande maioria é proveniente da Noruega e Islândia.
O aquário foi construído em 2013 e permitiu ao Museu obter várias distinções. Não foi uma novidade. O edifício que reformulou o museu é de 2001 e teve também vários prémios internacionais. A renovação do edifício e do projeto arquitetónico foi também um impulso para a ampliação do Museu e a criação de novas valências.
Navio-museu Santo André
O Museu Marítimo tem ainda um pólo na Gafanha da Nazaré. É o bacalhoeiro Santo André. Um arrastão que andou na pesca cerca de 50 anos. Primeiro no mar do Norte e depois no Atlântico Sul.
É um navio emblemático e é muito interessante porque é um importante património industrial da pesca por arte de arrasto. Tem dois porões, um de salga e outro de congelação, que decorre da tradição portuguesa do bacalhau seco.
O Santo André está próximo do porto da Gafanha da Nazaré onde estão atracados barcos que pescam na Terra Nova e na Gronelândia. Do outro lado da Marginal estão armazéns e escritórios de algumas das mais relevantes empresas de pescado que têm atividade em Portugal.
O Santo André deixou de estar em atividade em 1997 e foi transformado em museu após um protocolo entre o armador e a Câmara Municipal. O município de Ílhavo é também a entidade responsável pelo Museu Marítimo.
Nos últimos anos foram criadas novas valências e uma delas é um centro de investigação, o CIEMar-Ílhavo e um dos projetos que desenvolveram é o arquivo digital Homens e Navios do Bacalhau.
Um mar de encantos no Museu Marítimo de Ílhavo faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, aqui.
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