Foto: Tita Sorte
Muitas são as formas de viajar, mas uma das mais ricas, na minha opinião, é a possibilidade de realização de voluntariado. E, foi assim que a nossa Tita se aventurou em São Tomé: um local que já queria visitar há algum tempo pela ligação aos nossos antepassados, à sua cultura e às suas gentes. De forma inconsciente, existem sítios por onde os portugueses passaram e há um certo sentimento de dívida, que pode ser saldada se contribuirmos para o desenvolvimento destes locais e do seu bem-estar.
E, sem hesitar, começou a viagem que ia trazer ensinamentos e registos fotográficos que não cabem no coração e no olhar. Uma mochila de 20L carregada de sonhos, vontade de ajudar e muito, mas muito amor para dar. Uma coisa estava definida: a Tita ia dar workshops a mulheres sobre empoderamento, ia sarar feridas a todos aqueles que necessitassem e ia ensinar crianças em escolas. Tudo isto foi o ponto de partida para uma viagem que se tornou muito mais do que aquilo que se esperava.
São Tomé, de Norte a Sul, tem luz mesmo nos dias mais cinzentos. A felicidade não está dependente do tempo, da materialização própria do quotidiano a que muitos de nós estamos habituados. A felicidade, algo que parece tão simples e complexo ao mesmo tempo de alcançar, mora nos sorrisos, nos olhares, na presença e na energia.
Lá tudo é felicidade. “Ela pediu colinho, mas antes ofereceu-me este poderoso olhar para eu colar e apaixonar. Senti o coração a palpitar e comecei a saltar sem me importar se alguém estava a olhar. Tudo era Amor, com cor de chocolate e cheirinho acolhedor. Faz desafiar o mundo e perguntar num porquê infantil e profundo, se não será neste registo de Simplicidade avassalador que tudo vamos aprender, crescer e apenas Ser”, conta-nos a Tita. Em cada esquina, somos recebidos com uma generosidade invulgar, com um calor humano inesquecível e com um carinho extraordinário.
E este cantinho tão maravilhoso ensina-nos muito e existem momentos extremamente marcantes. Numa tarde em Porto Alegre, a Tita organizou um lanche para as famílias presentes. Estavam lá cerca de 30 mães, numa mesa farta com bolachas, sumos, fruta, pintarolas e batatas fritas - tudo coisas que dificilmente conseguem ter. A Tita com toda a naturalidade disse para começarem a comer e eis que as mães disseram que primeiro comiam as crianças e só depois comeriam o que sobrasse. Existe maior lição que esta de que a educação vai muito para além das escolas? Trata-se de um valor carismático, relacionado com o saber estar e a partilha. E o que se faz perante isto? Dança-se. Gratidão. Celebra-se. Sorrisos. Nutre-se. A alma e a festa nunca param, pois o maior combustível preciso é o amor.
A ilha tem um cheiro muito caraterístico a terra e fruta. Faz apaixonar com as suas cores vibrantes e desperta todos os nossos sentidos. A ilha é sinónimo de “pé na terra, dança na chuva, sorriso no rosto e avança com emoção, quem agradece? O teu coração!”.
E para que não vás de mãos a abanar, deixamos algumas dicas para quem pretende fazer voluntariado noutro país:
- Faz uma pesquisa sobre os diversos tipos de voluntariado e vê o que se enquadra mais contigo e com a fase da vida que estás a atravessar.
- A escolha do país é importante, mas mais importante que isso é a experiência.
- Vai de mente e coração abertos para o que vais viver.
- Leva pouca bagagem porque a maior delas vem contigo no caminho de volta: as recordações.
- Planeia, mas deixa espaço para a magia acontecer. As melhores aventuras surgem nas alturas em que menos se espera.
Fotografia: Tita Sorte
Texto: Sofia Baptista Soares, Voluntária da Associação Gap Year Portugal
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