"Tirem-na!, Tirem-na!". Imediatamente depois que o polícia vira as costas, um pai diz aos filhos que retirem as máscaras. Na Fontana di Trevi, a prioridade dos turistas não é protegerem-se do novo coronavírus, mas sim tirar boas fotos.

Desde segunda-feira, o uso de máscaras é obrigatório à noite nas áreas mais movimentadas da capital italiana. Com a medida, juntamente com o encerramento de discotecas, as autoridades esperam deter uma nova vaga de casos da COVID-19, num momento em que os surtos se multiplicam por vários países europeus.

Assim que começa o crepúsculo, chega-se a um dos momentos do dia com a maior presença de visitantes no centro da capital italiana, cujas ruas ficam cheias de turistas. Italianos, ingleses, franceses e até mesmo alguns indianos e chineses posam para os ecrãs dos smartphones com o objetivo de eternizarem o momento na Cidade Eterna.

A estátua de Netuno, deus do oceano, concentra o olhar dos curiosos, no centro de um monumento construído em 1732 pelo Papa Clemente XII em homenagem ao oceano e à beleza das águas.

No entanto, três séculos depois, seus visitantes têm como objetivo principal tirar uma selfie e publicá-la no Instagram, Snapchat ou TikTok, e por isso ignoram o uso da máscara.

Nesse cenário, as autoridades insistem: "Senhoras e senhores, coloquem a máscara", afirmam os agentes, responsáveis por alertá-los, com placas com a mensagem traduzida para os estrangeiros, em relação ao respeito necessário às medidas adotadas para impedir a pandemia.

A mesma mensagem é repetida a partir do altifalante de um veículo policial, ainda que a maioria dos turistas os ignore e retire as máscaras para tirar fotos quando os agentes param de fiscalizar.

"Fui chamado à atenção por um polícia", diz um jovem francês, enquanto outro visitante espanhol reconhece o que a maioria dos turistas pensa ao estar em frente à Fontana de Trevi: "É muito melhor fotografar-se sem máscara".

Reportagem: Hervé Bar com Jean Delterme