O Parque Nacional

O Parque Nacional dos Vulcões fica na área nordeste do Ruanda, a cerca de duas horas e meia de carro de Kigali, a capital do país. Foi criado em 1925 e nasceu de uma subdivisão do grande Parque Nacional de Virunga ou Parque Nacional Albert Cook, como era conhecido na altura da colonização Belga.

Definida pelo Maciço de Virunga — uma cadeia de vulcões — toda a região é coberta por centenas de quilómetros quadrados de florestas tropicais e de bambu. Ganhou visibilidade e fama mundial por  aqui viverem gorilas da montanha, espécie ameaçada que na década de 1960 se transformou em notícia por conta do trabalho da primatologista americana Dian Fossey, autora do livro "Gorilas na Bruma" (depois adaptado ao cinema), que acabou assassinada, pensa-se que pela sua heroica defesa dos gorilas, apesar deste facto nunca ter ficado provado.

Os Gorilas da Montanha

Neste momento, no parque, vivem 20 famílias de gorilas da montanha. 12 podem ser vistas pelos visitantes e oito são seguidos pelo centro de pesquisa Karisoke (criado por Dian Fossey).

As licenças pagas pelos turistas para entrar no parque e fazer o trekking dos gorilas são muito altas, mas ajudam a garantir a sustentabilidade do projeto, a conservação da espécie e a continuação dos trabalhos de pesquisa.

Dentro do parque os gorilas vivem nas encostas dos vulcões — cinco ao todo: Gahinga, Sabinyo, Bisoke, Karisimbi e Muhavvura. Para quem vai fazer a caminhada em Karisimbi, a altitude acima do nível do mar entre 2.000 e 4.507 metros, pode ser um pouco desafiante, exigindo uma boa preparação física para chegar até ao lugar onde andam as famílias dos gorilas da montanha.

Ver os gorilas no seu habitat natural é uma experiência especial, mas para o fazer alguns fatores  devem ser tidos em conta, nomeadamente: a compra antecipada da licença para o trekking de gorilas, ter idade igual ou superior a 15 anos e o nível de dificuldade da caminhada.

Parque Nacional dos Vulcões do Ruanda
créditos: The Travellight World

O rastreamento de gorilas da montanha é dividido em três diferentes categorias, dependendo da aptidão dos visitantes.

Existe a caminhada fácil, geralmente adequada para idosos, pessoas com problemas de mobilidade e pessoas sensíveis à altitude. 

A caminhada média é para pessoas com idade entre os 45 e os 55 anos, que aguentem fazer uma caminhada de cerca de quatro a cinco horas

As caminhadas desafiadoras são as que exigem maior preparação física pois podem levar entre cinco a sete horas (ou mais).

Com cada grupo (pequeno) de pessoas, vão rastreadores e carregadores (que ajudam a levar mochilas, garrafas de água e a atravessar percursos mais difíceis ou escorregadios).

80 por cento destes homens já foram caçadores furtivos, mas hoje, sensibilizados para a importância da conservação das espécies e tendo empregos proporcionados pelo turismo como opção, trabalham em cooperativas organizadas para garantir a sustentabilidade dos grandes símios ameaçados de extinção.

É impossível visitar o parque (ou o país) e não recordar o genocídio que durante a guerra civil do Ruanda, em 1992, transformou toda a área num campo de batalha, afetando todas as atividades de pesquisa e turísticas, incluindo o trekking de gorilas. Só em 1999, com o regresso da estabilidade política se conseguiu retomar as atividades do parque.

Viajantes independentes que desejem reservar diretamente uma licença para trekking de gorilas da montanha podem fazê-lo on-line através do site oficial do Turismo do Ruanda. Porém, a maior parte das pessoas opta por fazer a reserva através de uma operadora turística que trata igualmente da hospedagem e transfers.

Um total de 96 licenças de gorilas para o Parque Nacional dos Vulcões estão normalmente disponíveis por dia. Isso divide-se em oito licenças diárias para cada um dos 12 grupos de gorilas que podem ser visitados. 

As regras do trekking

Há um conjunto de regras e regulamentos para trekking de gorilas que foram implementados e que tem obrigatoriamente de ser seguidos por todos os visitantes. No início da caminhada é feito um briefing pelos guias para passar toda a informação:

  • Cada visitante tem de levar sempre consigo a sua licença de trekking e um passaporte válido;
  • Lavar bem as mãos com água e sabão antes de iniciar a atividade e (se quiser) usar luvas;
  • Não fazer o trekking se estiver a sentir-se doente, com tosse, estiver constipado ou tiver outra doença contagiosa (nestes casos pode pedir o reembolso da licença);
  • Usar sempre máscara quando estiver no meio dos gorilas;
  • Não sujar o parque nacional;
  • Manter a voz baixa enquanto caminha para não perturbar os pássaros e a vida selvagem da floresta. Os gorilas da montanha são sensíveis a ruídos altos e fazer barulho pode facilmente agitá-los e fazer com que fiquem agressivos;
  • Manter sempre uma distância de sete metros dos gorilas;
  • Limitar os movimentos na presença dos gorilas;
  • Baixar sempre a cabeça caso um gorila adulto ou um filhote se aproxime. O contacto visual com um gorila, especialmente um gorila de dorso prateado é proibido porque pode ser interpretado como um sinal de desafio, e pode acabar numa agressão;
  • Ficar sempre junto do seu grupo e não se afastar quando estiver na presença dos gorilas;
  • Evitar qualquer contacto físico com os gorilas.  Em nenhuma circunstância eles devem ser tocados;
  • Manter a calma e não entrar em pânico ou fugir se um gorila avançar na sua direção. Neste caso deve se seguir as instruções do guia e deitar-se lentamente;
  • Não comer, beber ou fumar na presença dos gorilas e jamais tentar alimentar os animais;
  • Não usar o flash da câmara para tirar fotografias e verificar as configurações do telemóvel para ter a certeza que o flash está desativado e não em modo automático.

Os guias também ensinam alguns sons para saudar os gorilas e outros que podem indicar que eles estão zangados/aborrecidos.

Depois do briefing, o guia aguarda o contacto dos rastreadores para saber onde está a família de gorilas atribuída ao grupo que vai fazer o trekking.  Assim que recebe notícias, começa a caminhada.

Os gorilas da montanha, em regra, não param, estão sempre em movimento, assim a caminhada até eles pode ser rápida ou demorada, é uma questão de sorte. 

Uma vez encontrada a família de gorilas, cada grupo pode passar uma hora com eles.

O custo de cada licença é alto — neste momento, no Ruanda, está em 1.500 dólares (no Uganda e República Democrática do Congo é mais barato) — mas a experiência de estar perto destes grandes e incríveis símios, principalmente dos filhotes, é inesquecível… E, afinal, as experiências são a única coisa que levamos desta vida!

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