Luca Tombolini prefere viajar sozinho, só assim consegue captar a fotografia perfeita, diz que é a única maneira de desfazer-se da máscara que carrega, assim como aquela ‘usada’ pelas paisagens, até reduzi-las numa versão abstrata e bela.
“Nas minhas fotografias, persigo uma fascinação por lugares desertos e primordiais. Apenas esses lugares me conseguem ajudar a alcançar o estado de reflexão necessário para investigar mais para além do nosso tempo infinito”, explica o jovem fotógrafo de Milão. Por isso é que escolhe locais que cumpram uma estética simétrica, pura e com gradiente de cores, tal como as dunas do Sahara, por exemplo.
Contudo, muito mais importante do que isso é o vinculo que cria entre o lugar e ele próprio.
“Levo a cabo um longo e cuidadoso trabalho de preparação na hora de escolher para onde viajar e faço-o com muita investigação no Google Earth. Ao mesmo tempo, também me fascinam as histórias do mundo, que às vezes levam-me a lugares que, à partida, não escolheria para fotografar”, disse o italiano à revista Condé Nast Traveler.
“Por exemplo, fiz muita pesquisa sobre a Sibéria e fiquei fascinado pelas histórias desses homens que, ao longo do tempo, encontraram uma forma de viver perante o seu ambiente hostil. Talvez me sinta atraído pela enorme diferença entre o seu sistema de valores e o nosso, no sentido em que eles dão mais valor à experiência de vida do que nós”, explica Tombolini, confessando que gostaria de fotografar outros planetas: “Tenho a certeza que, infelizmente, não será algo que possa fazer nesta vida”.
Porém, o lugar onde começou a sua série de obras de grande formato encontrou-o por casualidade: “Após uma visita de trabalho a Fuerteventura (Espanha) decidi que tinha regressar ali sozinho durante um período de tempo, apenas para tirar fotografias. Coincidiu com o momento em que comecei a pensar onde deveria dedicar o meu tempo e as minhas energias: continuar com a fotografia comercial ou dedicar-me a algo mais pessoal”.
A partir dali começou a imaginar uma imagem de linhas claras e cores pastel, cujas pitorescas caracteristicas não eram algo que o artista estivesse à procura conscientemente.
“Simplesmente resultaram assim. É apenas a minha visão a manifestar-se”. Uma visão que, sem dar conta, começou a formar-se quando era mais novo.
“Quando era uma criança, havia alguns livros em casa dos meus pais sobre dois irmãos aventureiros e fotógrafos que organizavam expedições ao deserto num veiculo 4x4 e depois partilhavam as suas histórias. Lembro-me de passar as páginas e ver essas fotografias regularmente, principalmente nas tardes mais chatas”.
“Mesmo que não me lembre se tinha alguma vontade ou determinação especifica nesse sentido, 30 anos depois estou a observar o entardecer desde o cimo de uma duna num deserto marroquino. O 4x4 está estacionado ali perto e estou à espera do momento certo para apertar o disparador”, concluiu Tombolini.
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