Um voo rápido até à Hungria obriga qualquer visitante a conhecer as famosas termas da cidade. A poucos passos do centro, em Gellert, vai dar a um largo edifício que na verdade é um palácio lindíssimo. Está perante as termas Széchenyi. E, por favor, não lhe chame balneários como muitas vezes se vê escrito em blogues ou no instagram! As termas de Budapeste são as mais conservadas e ativas da Europa e que têm as raízes do lazer turco-romano. Recomendo que visite as duas partes de Budapeste e deixe as termas para o final. Vai ser um verdadeiro spa. O melhor do mundo!

Quando cheguei, o frio era tanto e nevava. Um frio que me impedia de respirar fora de uma gola que só utilizo mesmo em destinos muito gelados. Não consegui ter a primeira e imediata vontade de apreciar os contornos de neobarroco do complexo. Estava cheia de casacos e apertava-me a gola. Mal conseguia levantar o olhar por causa das farripas de neve que iam caindo sobre o meu rosto. Já não me lembrava de sentir neve há muito tempo, mas o que eu queria era sentir o contraste. Era o que todos queríamos e daí que as filas são expectáveis - fora de época pandémica. Vale a pena esperar e por uma entrada de cerca de trinta e cinco euros acede à enorme piscina termal e à ‘piscina’ interior. Mas os preços variam e tem vários pacotes à escolha. Inclui ainda um pacote ‘love’.

Depois de passar a fila e receber o seu bilhete dirige-se para os balneários e deixa os seus pertences guardados no cacifo. É o momento do contraste, tirar toda a montanha de lã e coisas de inverno e vestir o fato de banho ou biquíni. Se não tiver um, lá têm tudo sob um determinado valor de empréstimo. E têm toalhas e roupões muito simpáticos. De roupão branco e chinelos segui, desafiada pela adrenalina no sangue, para a piscina exterior e primeiro fiquei fascinada com a felicidade das pessoas. Vi muitos casais e grupos de amigos, gozando de uma felicidade muito privada. Gostei desse aspeto. Fiz o mesmo e fui feliz.

Ali senti que revivi, em pleno, um cenário turco ou romano, em que todos se deleitavam nas águas termais que ali são produzidas e todo o vapor envolve a população (sim, a piscina é gigante, mas parece um concerto ao vivo em que o espetáculo é você mesmo, a sua experiência privada). Esse vapor condensa-se numa espécie de nuvem por cima de todos o que confere um estilo de privacidade, ali a céu aberto. Pode nadar à vontade nesta água de cerca de 35 graus e com temperatura glaciar cá fora.

Neste momento poderá restar uma dúvida: então e com a cabeça e braços de fora… é cómodo? Mesmo a céu aberto, o vapor é tão intenso e quente que vai estar sempre muito confortável. Eu quase adormeci num dos cantos onde repousei o corpo, na piscina exterior. Depois fiz algo que acho que é meritório: saí, em fato de banho e senti o contraste do gelo e da neve. Fui colocar-me ao lado do registo da temperatura e fiquei pasmada com quase zero graus! Voltei a mergulhar e soube-me tão bem. Fiquei a marinar até a pele enrugar nas mãos e pés.

Depois passei para a piscina interior onde sinceramente considero que seja o real contexto das termas da Antiguidade. Colunas marmóreas, mosaicos bem adornados, tudo sumptuoso. A água quente igualmente, mas preferi a piscina exterior talvez por poder ver o céu e eu já fui com o fechar do sol. Portanto estive a tomar banho, nas maiores termas do mundo, à noite e com temperatura quase negativa. Demorei menos nas termas interiores e depois voltei ao balneário onde recolhi as minhas coisas e ao vestir-me percebi que tinha despertado imenso. Nesse dia, tinha iniciado pelas 7h da manhã várias tours e mal tinha dormido. Neste momento, o meu corpo estava revigorado e só queria continuar a ver Budapeste, apesar de ter culminado no sítio, na minha opinião, mais belo da cidade. Ainda por cima por baixo de uma doce neve. Aproveite, pois é no inverno que mais deve aproveitar, é agora!