Bagan parece uma cidade encantada esquecida no tempo. Os seus mais de 2000 templos diferentes construídos ao longo de vários séculos, do XI ao XIII, fazem desta paisagem única e mística. É inevitável tentar imaginar como seria o antigo reino de Bagan há muito tempo atrás, e só me ocorrem ideias de um sítio de beleza inigualável.
Bagan é um ponto turístico no Myanmar muito importante, mas ainda assim, quando lá estive, a quantidade de turistas não incomodava de todo. Encontram-se alguns a pedalar no meio dos milhares de templos, outros optam por uma solução mais rápida e menos dolorosa como as motorizadas elétricas. Em Bagan, os turistas só podem usar motorizadas elétricas, não se encontram outro tipo de motorizadas para alugar.
Se tivesse visitado este recanto mágico do mundo há uns tempos atrás, poderia ter subido aos maiores templos para poder apreciar o pôr-do-sol. No entanto, muitos estão encerrados ao público para conservação dos mesmos e pelas fragilidades que alguns apresentam, depois de vários sismos que sofreram. Esta medida vem ajudar a preservar esta área arqueológica. Ainda assim, consegue-se encontrar um ou outro que estão abertos e se pode subir ao topo para ter uma vista esplendida deste local.
Para mim Bagan é significado de magia, tranquilidade, felicidade e liberdade. Lembro-me de pedalar entre templos, completamente sozinha e conseguir ser a única pessoa em vista por longos minutos. O silêncio das paisagens secas em redor com o chilrear dos pássaros típicos birmaneses fazem deste local um vislumbre de liberdade que não consegui ter em mais nenhum local. Consigo estar em sintonia com a natureza tal e qual ela é, apesar de saber que estou numa cidade, e isso torna este local único.
Os caminhos são em terra batida e em Março a vegetação está seca, daí ter engolido muito pó entre templos, o que não é de todo desmotivante. Percorrer de bicicleta estes caminhos desenhados entre a paisagem foi das minhas experiências favoritas na viagem toda. Todo o percurso é demasiado excitante pois cada pedalada pode levar-nos a mais e diferentes templos isolados, e enquanto amante de arquitetura isto fascina-me. Quero parar para ver todos, mas isso não acontece pois são demasiados.
Em alguns templos maiores, os locais aproveitam para vender pedaços de memórias que os visitantes podem levar na bagagem. Li que que as pinturas de areia eram uma recordação a levar e não resisti à tentação de levar um, o difícil é escolher pois a oferta é muita e é tudo tão interessante!
Entre os mais de 2000 templos diferentes, existem alguns que se sobressaem por serem mais importantes e maiores. O templo Ananda é o meu favorito. Foi alvo de manutenção há relativamente pouco tempo e exibe uma cor clara que nenhum outro equipara. Dentro dos templos existem estátuas de Buda e alguns têm inscrições nas paredes que se desmancharam com o tempo, mas que ainda se conseguem visualizar.
Bagan foi a minha cidade favorita da viagem toda. Decerto a companhia também ajudou. Estive a maior parte do tempo a partilhar esta experiência arrebatadora com uma simpática desconhecida que estava alojada no mesmo quarto que eu. E isto é uma das coisas boas de viajar sozinha, poder conhecer tantas pessoas diferentes com tantas histórias interessantes para partilhar e conselhos para dar.
Visitar Bagan era um sonho para mim, por isso fiz questão de andar num balão de ar quente nesta cidade e ver do ponto de vista de um livre pássaro o quanto arrebatador é este local.
Por Paula Carvalho, autora do blogue While You Stay Home
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