Muitos dos templos e lugares de interesse têm ligação a esse tempo e são hoje considerados património mundial da UNESCO. Do ponto de vista histórico uma visita ao Japão não fica completa sem incluir pelo menos um dia aqui.
Chegar aqui a partir de Osaka ou Quioto leva cerca de uma hora e é muito fácil. Existem duas linhas de comboio que ligam estas cidades a Nara - a linha JR Yamatoji e a linha Kintetsu Nara.
A estação de Kintetsu Nara está mais centralmente localizada e é mais perto dos locais turísticos. O Parque Nara fica a apenas dez minutos a pé desta estação.
Nara é perfeita para explorar a pé. É plana e relativamente compacta. É uma cidade de cerca de 400 mil pessoas, mas as colinas e ruas estreitas e silenciosas dão a sensação de uma cidade muito menor.
O parque Nara, razão principal pela qual a maioria das pessoas visita a cidade, está cheio durante o dia. Mas ao entardecer e bem cedo de manhã não tem ninguém, por isso eu decidi passar uma noite no Hotel Nara, um hotel muito antigo e cheio de tradição que fica dentro do parque, para o poder apreciar em toda a sua glória.
Cheguei perto das 17:00 horas e ainda havia muita gente mas, pouco depois, o parque começou a esvaziar.
Assim que entrei, um cervo veio receber-me e "cumprimentar-me". O cervo japonês é a mascote da cidade. É uma espécie protegida e considerada pelos japoneses como a mensageira dos deuses do xintoísmo.
Os animais são muito mansos, aproximam-se sem medo e deixam fazer festas. O parque tem sinais a avisar que os cervos podem morder, dar pontapés ou exibir outros comportamentos perigosos, mas não vi nenhum portar-se mal durante a minha visita. Possivelmente, porque nunca os alimentei; o parque tem barraquinhas que vendem bolachas para quem quiser alimentar os bichos, mas realmente não há necessidade disso, pois, pelo menos na primavera, o parque está todo verde e os veados tem muito alimento natural.
Por volta das 18:00 horas, já não havia quase ninguém no parque e o sol começou a pôr-se lentamente. No entanto, a luz era mais que suficiente para explorar os caminhos que iam dar aos templos e santuários.
Sem ninguém à nossa volta, a sensação de descobrir algo único é muito maior. O silêncio é absoluto, só ouves os pássaros e os veados a saltitar nas colinas verdejantes.
A arquitetura dos templos é muito interessante. Alguns santuários têm mais de 1.000 anos e possuem madeiras trabalhadas e detalhes que impressionam.
O Templo de Todai-ji, um dos mais significativos do Japão, é o maior edifício de madeira do mundo e abriga no seu jardim a maior estátua do mundo de bronze do Buda Vairochana, conhecido no Japão simplesmente como Daibutsu. O templo também serve como a sede japonesa da escola de budismo Kegon e é classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
Perto das 19:00 horas, com o sol já bem baixinho no horizonte, uma surpresa: como se estivessem a atender a um chamado, (quase) todos os cervos do parque pareceram reunir-se em conselho bem na frente do Templo Todai-ji.
Foi um momento extraordinário ver centenas de veados a caminhar ordeiramente em direção ao santuário. Absolutamente mágico!
Senti-me privilegiada por poder visitar um lugar tão lindo e tão próximo da natureza. É um dos meus locais preferidos no Japão e recomendo-o a todos que estão a pensar visitar este país.
Deixo uma última nota a quem não pode ou não quer ir tão longe, mas gostava de ver cervos bem de perto e em liberdade. Em Portugal, na Tapada Nacional de Mafra, podem ter essa experiência. Vejam aqui.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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