Os Inesperados da viagem é uma crónica de uma mulher nómada pelo mundo que conta relatos inesperados que vão aparecendo como se fossem tatuagens permanentes nesta travessia infinita que é querer conhecer os 196 países.
Quando saímos de casa para o primeiro backpacking temos tudo organizado, voos, hosteis, voluntariados, mapas, mas se há coisa que as viagens e a experiência nos ensinam é que não estão na internet as melhores memórias e experiências.
Um breve exemplo disto é esta minha história no Laos. Em época de monções a chuva levou-me a um café orgânico de modo a abrigar-me. Por coincidência ou não, conheci outras viajantes que com dois dedos de conversa me sugeriram que fosse para a Tailândia para um retiro vipasana gratuito que começa no início de cada mês. Claro que aceitei até porque encaixava perfeitamente com a minha rota.
Este é o tipo de experiências que nos marcam para sempre e que nos fazem questionar porque motivo parei eu naquele café e conheci aquelas viajantes?
Nos inesperados da viagem desta semana vamos até Auroville, Índia.
Nesta minha muito pouco organizada viagem à Índia, planeei fazer o triângulo dourado, ficar uma semana e meia em Deli para trabalhar online e depois sair para Varanasi de comboio. Mas foi nas muitas horas de estrada que se faz para completar o triângulo dourado que me surgiu a ideia de ir ao local na Índia que mais me chamava: a comunidade de Auroville.
Uma comunidade criada em 1968 por dois visionários para a sua altura que fica dentro da Índia mas não segue nenhuma política ou religião.
Sinceridade, humildade, gratidão, perseverança, inspiração, recetividade, progresso, coragem, bondade, generosidade, igualdade e paz são os 12 valores que formam a comunidade e que estão representadas nas pétalas que formam o Matrimandir, edifício principal da comunidade que pode ser visitado gratuitamente.
Em Auroville, o ambiente é perfeito, entre ajuda ao próximo, generosidade e interesse em aproximar-se do viajante de modo a conhecê-lo e poder ajudar no seu autoconhecimento.
Uma vida simples, sem luxos, porque quando vivemos assim os problemas que parecem problemas não existem, canalizando o tempo para aquilo que realmente interessa, o crescimento pessoal.
Qualquer um pode pertencer e viver na Auroville, atualmente vivem 60 nacionalidades e mais de 3300 habitantes que fazem trabalho voluntário diário e utilizam esse mesmo trabalho para pagar as suas despesas diárias. Na comunidade não circula qualquer tipo de dinheiro físico.
Por fim, a mensagem dos Inesperados de viagem desta semana é que experiências como estas não estão escritas nos livros de dicas do países e são essas que mais rapidamente nos marcam e contaremos a alguém quando nos perguntarem por histórias.
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