Assim que Hurghada fica para trás, a paisagem torna-se inóspita. Quilómetros atrás de quilómetros de planícies desérticas e montanhas áridas. Uma palete de cores onde só entram o bege, o castanho e o amarelo. Vida, nem vê-la. É a paisagem arábica como a idealizamos.
Mas, do nada, uma réstia de esperança. A palete cresce, diversifica-se, e o verde começa aos poucos a pontuar a paisagem, até se tornar dominante. Começo a ver as primeiras árvores de fruto, os primeiros campos férteis, os primeiros sinais de vida animal. Pequenas aldeias, depois vilas, até chegar à grande cidade de Luxor.
É o Nilo, o majestoso Nilo. Haverá algum rio mais famoso do que ele? Se há lugar onde o rio é Vida, esse lugar é aqui. No meio da imperdoável aridez do vazio, do Nilo cresceu uma das maiores civilizações da História.
Lembramo-nos disto todas as noites ao jantar em Luxor. 130 reviews, média de 4.9 - desafio-te a encontrar "restaurante" mais unânime. Na realidade esta é a casa de Hagag, onde ele e a sua mulher fazem questão de receber todos os que precisam de sustento. Tudo o que chega à mesa é produzido nesta casa, e Hagag faz disso um ponto de honra.
Mostra-nos as suas hortas, as galinhas, vacas e patos que caminham livremente pelo quintal, e até as redes antigas com que vai à pesca todos os dias às 5 da manhã. No final, cada um paga o que quer. Queixa-se de que a vida é dura, e bem vejo o que quer dizer. Uma vida de trabalho para sustentar cinco filhos acabou por ter o seu impacto. Com 49 anos, apresenta o rosto vivido de um sexagenário.
Mas Hagag sabe que a vida é assim. A quinta deu-lhe uma vida melhor do que aquela que o seu pai tinha, e, por sua vez, os próprios filhos de Hagag têm agora melhores condições que as do seu pai. E por detrás de tudo isto, o Nilo. Fonte de vida, fonte de subsistência, fonte de prosperidade.
A família de Hagag está bem entregue.
Acompanhem as nossas aventuras pelo mundo aqui.
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