Os nossos pequenos cérebros não conseguem sequer tocar a ideia de que aquilo que vemos já aqui está há quase 4000 anos. Num mundo contemporâneo em que quase tudo passa por nós a correr, há algo de reconfortante em saber que aquelas pedras ali descansam há uma eternidade. O que terão testemunhado? O que terá mudado à sua volta nestes 4000 anos?
Ao mesmo tempo, é fascinante tentar perceber (como sempre, de forma infrutífera), o modo como foi possível intercalar as maiores obras da História da Humanidade com os maiores atos de crueldade alguma vez perpetrados. Talvez por sermos os únicos seres vivos deste planeta para quem a perseverança e a perversidade caminham lado-a-lado, a ponto de quase podermos confundi-las.
Se estas pedras falassem, falariam em sonhos. Em sonhos megalómanos de faraós sedentos de poder, sim, mas também nos sonhos desfeitos de cada escravo que carregou o seu peso. Falariam de dinastias caídas, impérios em renovação e conquistas de morte. Falariam de ciência e arquitetura, história e geografia, religião e fé.
Falariam de muita coisa, mas eu continuaria aqui a olhar para elas e a não conseguir entender o alcance das suas palavras. 4000 anos é muito tempo.
Sinto-me mesmo pequenino.
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