Boracay é a ilha mais conhecida das 7107 que constituem o vasto território das Filipinas. Com apenas 7,2 quilómetros de comprimento, este pequeno pedaço de terra, situado na região de Visayas, com praias de areia branca e fina e um mar de cor azul clara hipnotizante, tem tudo para ser inesquecível: desde uma simples caminhada pela praia aos mergulhos para conhecer o fantástico fundo do mar, passando pelos inúmeros desportos aquáticos, sem esquecer o ambiente nocturno. Será este o paraíso que todos procuramos?

Em 2016, os leitores da revista internacional Condé Nast Traveler elegeram Boracay como a melhor ilha do mundo. Outra publicação de viagens, a Travel + Leisure colocou-a em segundo lugar num top semelhante, liderado pela ilha vizinha de Palawan. As razões para tamanhos elogios prendem-se, essencialmente, com a beleza dos seus areais e a variada oferta gastronómica e de lazer.

Quando imaginamos o paraíso, este tem de ter sol, areia branca, água límpida e quente e palmeiras. Boracay tem tudo isso e muito mais. Tem rochedos que tornam as imagens ainda mais espetaculares, tem um fundo do mar recheado de tesouros com corais coloridos a abrigar espécies de peixes com as formas e tamanhos mais surpreendentes, tem sorrisos de quem leva a vida de forma leve, tem uma ampla oferta de hotéis, restaurantes, massagens e atividades ao ar livre e tem um pôr-do-sol, que podia estar no topo dos mais belos do mundo.

Mas por tudo isto, Boracay tem também demasiados turistas provenientes de todo o mundo. Foi aqui que encontrei um casal português, o único em toda a viagem às Filipinas.

A forma mais simples de chegar à ilha é de avião. A viagem é curta, cerca de 45 minutos, já que Boracay está a cerca de 300 quilómetros a sul da capital Manila. Como estava em Bohol, tive de fazer escala em Manila para, daí, seguir para o aeroporto de Caticlan, na ilha vizinha de Panay. Desta vez, optei pela companhia Cebu Pacific e, apesar de a viagem ter decorrido normalmente, fui obrigada a antecipar o voo um dia porque aquele que marcara inicialmente foi cancelado. Talvez tenha sido pelo melhor, já que, desta forma, tive mais um dia para conhecer a ilha.

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Depois de aterrar em Caticlan, segui para o porto, onde um barco me levaria para Boracay. A primeira impressão não é a melhor. As ruas são estreitas e caóticas. Há pessoas à beira da estrada e as lojas expõem todo o tipo de produtos, desde o pão e a fruta aos medicamentos. As motorizadas e os triciclos são a opção mais barata para transportar locais e turistas, pelo que as ruas estão repletas destes veículos que, por vezes, vão apinhados de gente. Uma viagem que demoraria cerca de 10 minutos, na época baixa, acaba por se prolongar por 45 minutos até ao hotel.

Mas é preciso dar uma segunda oportunidade, até porque o extenso areal está logo ali. A “White Beach”, com cerca de quatro quilómetros de comprimento, é a maior e a mais conhecida da ilha. Dividida em três estações, é aqui que encontramos alguns dos hotéis e restaurantes mais exclusivos. Encontramos também lojas de massagens e muitos vendedores de excursões. Na estação dois, existe um centro comercial a céu aberto, o D’Mall, que constitui uma verdadeira atração para quem procura diversão e lembranças locais.

Esta é, sem dúvida, a praia mais concorrida, mas ainda é possível encontrar alguns locais mais calmos e paradisíacos, sobretudo nas extremidades. Longe das multidões, e com a água relaxante que se oferece aos nossos mergulhos, há um silêncio e uma energia únicos, que não se consegue explicar, apenas sentir.

Boracay convida a ficar, a relaxar e a entrar no espírito. Palavras que poderiam ser o mote do restaurante “Steve’s Cliff”. Situado na zona da estação 1, já no fim da praia, é um espaço tranquilo, com música ambiente e uma vista impressionante sobre a praia. Outro local curioso é o “Willys Rock”, uma formação rochosa única, resultado das intensas atividades vulcânicas. Mesmo com a maré baixa, temos de molhar os pés para subir os degraus que nos levam a um pequeno santuário. Nas Filipinas, quase toda a população é católica, fruto da influência espanhola que se prolongou por três séculos.

A maneira mais simples de conhecer a ilha é dar uma volta de barco. A mais conhecida é a “Island Hopping”, uma viagem que nos leva para alto mar, primeiro, depois, para o lado oposto da “White Beach” e, de seguida, para duas pequenas ilhas, a “Crocodile” e a “Crystal Cove”. Não é dos percursos mais impressionantes, mas dá para ficar com uma ideia dos tesouros naturais que se encontram escondidos debaixo de água.

A praia Puka, mais selvagem e com alguns bares de praia em madeira, é um lugar aprazível para descansar um pouco. A viagem termina nas duas grutas da “Crystal Cove Island”, uma pequena ilha privada com um percurso turístico interessante, que ainda está a ser construído.

Regresso a “White Beach”, já o dia vai longo. O sol prepara-se para desaparecer no horizonte, mas antes pinta o céu em tons dourados e rosa. Ao longo do areal, milhares de pessoas procuram um lugar na primeira fila para não perder pitada daquela dança exótica de cores. De câmaras apontadas, disparam flashes e voltam a disparar, na tentativa de captar o momento perfeito. Para mim, o momento perfeito é o que vou guardar no álbum das minhas memórias.

Por Helena Simão, blogger do Starting Today