Chegar foi fácil. Bastou apanhar o comboio em KL Sentral e em 30 minutos estava lá.
A imensa estátua dourada do Deus hindu Murugan, que fica à frente das belas formações naturais, prendeu logo a minha atenção. A primeira impressão que tive foi que neste lugar tudo era “excessivo”. Quase como uma atração da Disneyland. Muitas esculturas coloridas, muitos macacos, muitas escadas, muita gente… As cavernas em si, são realmente bonitas e interessantes de explorar, mas devo confessar que tudo o resto, me pareceu demasiado artificial.
Concentrei-me por isso no lado que achei mais positivo: o elemento natural — as cavernas. Na verdade, existem 4 que são: a Caverna do Templo, a Caverna Escura, a Caverna da Vila e a Caverna Ramayana.
Diz-se que os primeiros habitantes deste local foram os Bersisi, ou a tribo Temuan, mas que só na década de 1860, quando os colonos imigrantes chineses, que vinham para a Malásia, começaram a extrair o abundante guano (fezes de aves e morcegos) das cavernas para fertilizar as suas fazendas é que este lugar atraiu a atenção das autoridades coloniais britânicas e do naturalista americano William Hornaday (famoso por ser o primeiro diretor do Jardim Zoológico do Bronx, em Nova York), e a sua existência foi registada nos arquivos mundiais.
O santuário surgiu em 1891, quando um comerciante indiano chamado Thamboosamy Pillai, fascinado pela entrada da caverna que se assemelhava fortemente a um 'vel' - a cabeça de uma lança celestial carregada pela divindade hindu Murugan — defendeu a transformação deste local num local de adoração.
Na década de 1920, um conjunto de degraus de madeira que vão do solo até ao "vel" foi construído para ajudar o número crescente de devotos a subir até a caverna do templo de 120 metros de altura.
Com mais devotos vieram mais ofertas, e os degraus de madeira foram substituídos pelos degraus de concreto que vemos hoje.
Ao longo dos anos as Batu Caves transformaram-se num local de peregrinação não apenas para os hindus da Malásia, mas também para todo o mundo e hoje é considerado o santuário hindu mais importante fora da Índia.
A caverna principal (caverna do templo) é realmente extraordinária. Grande como uma imensa catedral, com paredes que se estendem até ao céu e morcegos e pássaros a voar alto. Os macacos estão por todo o lado e efetivamente mandam no local.
Próximo da entrada, há uma versão gigantesca do deus hindu Hanuman, e um templo a ele dedicado, mas para chegar ao templo principal há que subir 272 escadas coloridas. À esquerda dessas escada está a estátua mais alta do mundo do Deus Murugan. Tem 43 metros de altura e brilha ao sol. Quase nos ofusca a vista quando o sol bate diretamente na tinta dourada.
A maioria dos macacos que encontramos pelo caminho não são muito amigáveis. São bastante territoriais e podem ser agressivos com os visitantes porque se habituaram a roubar tudo o que remotamente se pareça com comida. A culpa não é deles, mas dos turistas que ao longo dos anos criaram esse hábito. Agora os animais não só aguardam, como exigem ser alimentados.
Se levarem garrafas de água, refrigerantes, sandes, batatas fritas ou outros snacks, quando visitarem este local, tenham a atenção de esconder tudo nas mochilas ou então preparem-se para um ataque.
Máquinas fotográficas e óculos de sol, também devem estar bem protegidos ou podem acabar como o novo brinquedo do líder do bando.
Eu, pessoalmente, senti que se respeitasse os macacos, não mostrasse medo e não gritasse para eles se afastarem (como vi muitas pessoas a fazer) eles deixavam-me seguir o meu caminho sem qualquer interferência.
No topo das escadas, encontrei então a incrível caverna do templo. Tem uma abertura como uma claraboia através da qual brilham os raios de sol e espreita a bonita floresta tropical.
Diz-se que o calcário que forma as cavernas Batu tem cerca de 400 milhões de anos. Essa perceção faz-nos sentir pequenos e humildes e dá lugar a um sentimento místico, exacerbado pela luz mágica que inunda o local.
No interior, existem alguns templos hindus, com seus pujari (sacerdotes) que abençoam os visitantes.
Há altares com muitas estátuas, frutas, velas e flores, que são deixadas de oferta aos deuses. O ambiente é saturado e “explode” em cor.
A Caverna Escura também fica no topo das escadas. Tem de se pagar uma taxa para entrar lá e ela só pode ser visitada com um guia. A caverna abriga morcegos, insetos e algumas aranhas raras… eu achei um lugar muito interessante, mas não diria que é para todos...
As outras cavernas estão localizadas na parte inferior das escadas. A Caverna Ramayana está cheia de estátuas iluminadas por luzes led e pode parecer muito kitsch para os visitantes ocidentais, mas tudo isso faz parte da cultura hindu e não cabe ao visitante julgar.
A Caverna da Vila, disseram-me, é um bom lugar para aprender mais sobre o hinduísmo, mas eu optei por não visitar porque li que naquele local são mantidos animais em muito más condições. Eu não vi, por isso não posso confirmar ou desmentir.
Para entrar nos templos existe um código de vestuário: ombros e joelhos devem estar cobertos. Quem não tiver como o fazer, pode alugar um lenço na entrada.
As cavernas estão abertas o ano todo, das 7h às 20h (agora com a pandemia, não sei). Eu visitei num dia de semana e muito cedo. De manhãzinha não havia muita gente, mas quando desci as escadas, já estavam imensas (mesmo imensas) pessoas, por isso imagino que nos fins de semana se deve assistir a verdadeiras enchentes.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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