Quando falamos em Kuala Lumpur (KL) há quem ouça: Petronas twin towers . Enquanto preparávamos a nossa passagem por esta que é a capital e a maior cidade da Malásia, qualquer pesquisa sobre o que fazer, no tripadvisor ou semelhante, lembrava, nos seus números 1: as Petronas twin towers… por isso, deixem-me já preparar-vos: não subimos, por opção, esta que é considerada a primeira atração da capital malaia. Ainda assim, temos muito para contar.

créditos: Menina Mundo

O background de KL é menos interessante do que o de outras cidades do país, como Malaca – colonizada pelos portugueses – e George Town – colónia britânica. KL fez-se capital, tendo passando de aldeia de minas de estanho a uma das metrópoles mais importantes do sudeste asiático. Num primeiro olhar quase pensaríamos ter saído da Ásia. A paisagem, feita de ousados arranha-céus, torres esguias e, de noite, de luzes arrojadas troca-nos as voltas e desorienta-nos a bússola.

De tudo o que fizemos em KL, a visita às Batu Caves seria aquela que em primeiro recomendaríamos. Apanhámos o moderno Komnter na KL Sentral e em 20 minutos estávamos lá.

créditos: Menina Mundo

Trata-se de um dos mais populares santuários Hindu fora da Índia, o que traz até si mais de um milhão de peregrinos durante o Festival Hindu de Thaipusam. Não admira, portanto, que os nossos olhos e passos se cruzem com muita Índia, em rostos, restaurantes, cores e roupas vestidas e vendidas, em barracas de rua improvisadas.

Chegámos. Estamos de frente para o magnificente Deus Murugan, a famosa estátua dourada gigante: são 43 metros de altura. Enquanto contemplamos tamanha obra, a Mia prefere correr atrás das pombas, é nestes momentos que relembramos que podíamos estar em qualquer lugar, na largo de uma igreja de qualquer aldeia, vila ou cidade de Portugal, mas estamos aqui, e é aqui que ela está a ser criança: a correr, pular, saltar, sem qualquer pretensão nossa de que ela seja outra coisa que não uma menina feliz.

créditos: Menina Mundo

Mas a estátua dourada é apenas ‘porta de entrada’,re para chegar às formações geológicas com mais de 400 milhões de anos, temos de pagar o suplício dos 272 degraus. Degrau a degrau, subimos, com a Mia: ora pelos seus próprios pés, ora ao colo; apesar da afluência de pessoas ser grande, os macacos ainda se mostram em maior quantidade, como se lembrassem a quem pertence o território. São agressivos e extremamente rápidos, parecem aparecer de todos os lados, sem que tenhamos tempo para acompanhar-lhes os movimentos. Toca a proteger máquinas fotográficas, sacos e tudo o que possam levar convosco.

Dentro das cavernas existem vários templos hindu, onde os rituais dos peregrinos se repetem, dia após dia, ano após ano.

A Mia viu e disse estalactites pela primeira vez, e depois ficou a olhar para cima, onde, numa abertura para o céu esvoaçam pássaros, como se agradecessem a visita.

Já no coração da cidade fica o Central Market, de um barraco onde eram trabalhadas carnes de boi transformou-se num local para a promoção da arte e cultura malaia. O ecletismo é palavra chave, manifestando-se o artesanato local em 1001 formas. E se as galerias de arte se espalham no anexo do mesmo e nos enchem os olhos, a barriga pode reconfortar-se no piso de cima do edifício principal, num food court, aí comemos uma laksa, prato típico da Malásia.

créditos: Menina Mundo

As gigantes letras a vermelho – I love KL – na City Gallery, não nos escaparam e mais uns passos e estávamos na Merdeka Square, onde corremos no relvado e jogamos à bola. Quando parámos, pudemos contemplar a imponência do Sultan Abdul Samad, edifício construído na época da dominação britânica, e que hoje é museu. Dali também vemos a Menara KL ou KL tower e as Petronas twin towers.

A descontracção do momento quase não encaixa na história desta praça, foi aqui que, em 1957, a independência foi proclamada e, pela primeira vez, a bandeira malaia hasteada.

Apontámos às Petronas twin towers e seguimos a direcção até nos aparecerem diante dos pés. Estávamos ali, com as torres diante dos olhos, a Mia dormia e três horas de fila para 10 minutos de visita, não nos pareceu o melhor dos programas. Deixámo-nos ficar: pescoços esticados e com vontade de crescerem para as acompanhar em altura. Impossível! São 452 metros de altura, demorámo-nos a admirá-los, provavelmente mais do que os 10 minutos que teríamos lá em cima.

Seguimos caminho. Para as refeições subimos a Bukit Bintang, a rua mais popular e com mais hotéis e durante todos os percursos fomos abordados com um mesmo objetivo: massagens, parece que todas as portas vão dar a um gigante spa. É entrando na sua perpendicular que o convite se reformula: dirigem-se a nós de menu em riste, indicam o caminho até à mesa, todos têm o mesmo objetivo: levar-nos a sentar nas cadeiras de plástico que ocupam a rua toda. Parece um bom programa: primeiro uma massagem para relaxar e descontrair, seguida de um bom jantar. Enquanto aguardámos a refeição, bebemos o mesmo chá, nos intervalos de gargalhadas fartas.

créditos: Menina Mundo

E assim se fez Kuala Lumpur, nos intervalos descontraídos de uma gargalhada que quase nos obriga a fechar os olhos.

Daqui seguimos para a Índia e quase me arrepio ao escrevê-lo.

Até breve.

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Este artigo foi originalmente publicado em Menina Mundo.

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